"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

padaoesilva@gmail.com

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Bom ano



In the Vanity Fair Italy feature, Stefano Gabbana discusses the campaign and why Madonna was the perfect match: "She loved the collection," he says, "...she is passionate and impressively knowledgeable about Italian cinema," (Monica is Vitti her favourite actress and we see the resemblance)."
When asked as to whether Madonna knows how to wash dishes, Stefano Gabbana replies "Certainly...she's a very practical woman..." And does she actually eat spaghetti despite her most enviable figure? "Of course, says Stefano, and she can allow herself too with all the exercise she does!"
o resto das fotos estás aqui.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Felizmente não sou economista

(...) os governos têm de cortar na despesa porque é isso que esperam os mercados. Ou seja, os mesmos mercados que desestabilizaram o sistema financeiro a um ponto tal que este teve de ser salvo pelos contribuintes, exigem agora um esforço de consolidação como preço a pagar pelo seu apoio a governos cujas dificuldades ajudaram a causar.
Mas eu, que felizmente não sou economista, perante a crise e as suas sequelas, só me ocorre que existe um conjunto de questões políticas sobre o papel do BCE que tem de ser respondido. As declarações de Trichet só as tornam mais claras. (...)
do meu artigo de hoje no Diário Económico.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Natal é quando um homem quer

sábado, 26 de dezembro de 2009

Inconformados e birrentos

Os nossos políticos andam inconformados e birrentos. Nenhum dos líderes partidários se conforma com o resultado das eleições: Sócrates não perdoa aos portugueses não ter tido maioria absoluta e age como se ainda a tivesse ou, pior, alimenta a ilusão de que pode recuperá-la; Ferreira Leite não percebe como teve tantos votos como o omnipresente Santana e, em lugar de se afastar e permitir que o PSD respire de novo, insiste na estratégia de insídia que a levou à derrota; Louçã não aceita que a esquerda iluminada não faça a diferença para a maioria absoluta; Jerónimo não compreende como é que a crise não provoca um levantamento nacional que ponha de vez fim à democracia burguesa; Portas não entende como é que a sua clarividência retórica não basta para o alcandorar a líder incontestável da direita. Vai daí, fazem todos uma enorme birra: uns fingem que não perderam as eleições e outros não aceitam governar com o resultado eleitoral. A consequência está à vista - querelas institucionais com base em atrasos a chegar a reuniões, provocações, acusações de falta de carácter e coligações negativas. Para sairmos deste pântano, é-nos sugerido, poderíamos perguntar, de novo, ao soberano o que pensa sobre o assunto. Como nos aproximamos do fim do ano, permita- -se que faça uma profecia:
o resultado eleitoral seria o mesmo de há um par de meses. Logo, é bom que cada partido desempenhe o papel que lhe foi destinado pelos portugueses em Setembro.

publicado no i.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Uma década em 10 discos

Escolher os discos do ano é uma daquelas provas difíceis de superar. Não são precisos muitos dias para que a lista perca sentido e logo nos pareça profundamente injusta. Aqui em baixo escolhi os 10 discos de que mais gostei este ano e dois dias depois reparo na injustiça que fiz aos Girls. Tudo isto porque agora me deu para escolher os 10 discos da década. Não são necessariamente os discos dos últimos dez anos que ouço mais hoje, mas são certamente os 10 discos que foram para mim mais importantes na última década. Isto implica, por exemplo, excluir muitos discos que ouvi muito nesta década e que são anteriores. Agora, quando olho para esta lista, mais importante do que a música é recordar-me que todos estes discos ganharam um sentido particular, ouvidos em circunstâncias irrepetíveis. Há bastantes coisas da última década que preferiria não recordar, mas pela música regresso a elas com uma outra tranquilidade. Do mesmo modo que consigo associar a algumas das coisas fantásticas que me aconteceram na última década muitos destes discos. Na verdade, muito provavelmente, ouço música de mais. Aqui fica então a lista (a ordem é alfabética) e para outra altura ficará qualquer coisa sobre estes discos, algumas das músicas e sobre uma década que começou electrónica para acabar entre guitarras e alt-country, mas essencialmente com a música toda disponível - para pirataria ou não - na rede.

Arcade Fire – Funeral



Arctic Monkeys -Whatever People Say I Am That's What I'm Not



The Clientele – Strange Geometry



Paolo Conte – Reveries



Flaming Lips -Yoshimi Battles the Pink Robots



Herbert – Bodily Functions



Lambchop - Is a Woman



The Mountain Goats – Tallahassee



The National – Alligator



The Strokes – Is this it

Um conto de fadas de natal



vale bem a pena tirar uma hora para ver o documentário aqui.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

10 discos de 2009

As listas dos melhores do ano, na verdade, só interessam a quem tem alguma inclinação para fazer listas dos melhores dos anos. Esta naturalmente não interessará a muita gente, mas, dos discos que ouvi este ano, os melhores foram estes.

1. Bill Callahan - Sometimes I Wish We Were an Eagle
2. Grizzly Bear - Veckatimest
3. The xx - The xx
4. The Mountain Goats - The Life of the World to Come
5. Animal Collective - Merriweather Post Pavilion
6. The Clientele -Bonfires on the Heath
7. God Help the Girl - God Help the Girl
8. Dirty Projectors - Bitte Orca
9. Sleeping States - In the Garden of the North
10. The Pains of Being Pure at Heart - The Pains of Being Pure at Heart

domingo, 20 de dezembro de 2009

"Saviola vem passar férias"


declarações de Bruno Carvalho, o sujeito preclaro que se candidatou à presidência do Benfica, aquando da contratação de Saviola.

Menos pobres

Não passa muito tempo sem que sejamos confrontados com os níveis intoleráveis de pobreza em Portugal. É bom que tenhamos presente a dimensão do problema: ajuda a manter o combate às desigualdades como prioridade política. Mas, enquanto isso acontece, convém valorizar colectivamente o muito que vai sendo feito para enfrentar o fenómeno. Esta semana, no meio do pessimismo que varre o país, o Padre Jardim Moreira, da Rede Europeia Anti-Pobreza, revelava o seu espanto com o sucesso da estratégia nacional para os sem-abrigo, que está a ultrapassar as melhores expectativas. Metade dos objectivos traçados para seis anos foram alcançados em nove meses e só no Porto mais de mil pessoas deixaram de dormir nas ruas. Já a Associação Nacional de Direito ao Crédito celebrou dez anos, durante os quais apoiou, através do microcrédito, o empreendorismo emancipador de mais de mil pobres. No final da semana, o Presidente da Cais sublinhava que sem transferências sociais (entre elas o rendimento mínimo), a nossa taxa de pobreza seria de 41%.

São motivos para satisfação, mas serve também para revelar como o nosso sucesso relativo na resposta à pobreza mais severa não tem sido acompanhado no combate ao conjunto das desigualdades. Se temos hoje instrumentos para combater as formas extremas de pobreza, continuamos estrangulados por níveis salariais que fazem dos trabalhadores uma parte importante dos pobres. É isso que está em causa com aumentos do salário mínimo acima dos salários médios.

publicado no i.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

E a banda continuou a tocar

Não se sabe com exactidão que música tocava a banda quando o Titanic chocou com o iceberg. Mas uma coisa é certa: a banda continuou a tocar. Portugal chocou com o seu iceberg particular. Empurrados pela conjuntura externa dramática, as nossas debilidades estruturais não só vieram ao de cima como se agravaram. Desemprego, défice e endividamento são os aspectos mais visíveis do rombo. Perante isto, os partidos continuam a tocar música como se nada se estivesse a passar. Não bastava a coligação parlamentar de cortes na receita combinados com aumento na despesa, esta semana os deputados do PS reuniram-se para falar de regionalização. Na política, a oportunidade, não sendo tudo, é quase. E dificilmente haverá tema mais desajustado. Quando o foco deveria estar por inteiro na política económica de resposta à crise (do mercado de trabalho e orçamental), o Partido Socialista escolhe reflectir sobre quantas regiões deviam existir e as competências a transferir. O tema é uma espécie de fetiche da classe política, desajustado da realidade. Mas, também, não há novidade. Sempre que os partidos precisam de encontrar uma manobra de diversão têm na regionalização um tema adequado. Os outros partidos não se inibem de reagir e a comunicação social amplia devidamente o tema. Há uma década que é assim, mas é apenas mais um sintoma de empobrecimento do debate político. O problema é que agora temos mesmo de resolver o problema do iceberg.
publicado hoje no i.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Encontrar uma razão



O Andrew Kidman está bem posicionado na minha galeria de super-heróis. Enquanto escrevo um artigo sobre Ether, um livro monumental, regresso a um excerto do Glass Love, acompanhado por um belo cover da Cat Power para um original dos Velvet, I Found a Reason.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Duvido, logo corrupto

A crer na fúria legisladora do Parlamento, dentro de dois anos, a corrupção estará erradicada da face do país e, não tardará, as avançadas democracias escandinavas estarão a emular as boas práticas domésticas.
Nada que surpreenda. Perante um problema político sério - e a corrupção é-o - tendemos a optar pela solução preguiçosa: tipificam-se mais crimes, criam-se uns quantos observatórios e daqui a não muito tempo levantar-se-á um clamor colectivo protestando contra a ineficácia das leis entretanto aprovadas. Depois, já se sabe, a história repetir-se-á, com nova fúria legisladora.
do meu artigo e hoje no Diário Económico.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

we're our own devil


A Hope Sandoval já não anda a pedir-nos para sermos o anjo dela. Juntou-se aos Massive Attack (que estão de volta e desta feita a coisa parece prometer) e fizeram isto. Muito cuidado com o link: o video dispara logo e não é aconselhável o visionamento no local de trabalho (ou como se diz em inglês, nsfw).

You're standing there so nice in your blizzard of ice

You're written in her book, you're number 37 have a look



Devemos muitas coisas à Nico - a mais conhecida das quais é a tensão entre Reed e Cale -, mas provavelmente nada se compara ao efeito que A "femme fatale" terá provocado em Leonard Cohen, como aqui se pode testemunhar. Este fim-de-semana vi o dvd do mítico concerto de Cohen na ilha de wight, em 1970. Comprem e ofereçam pelo Natal.

domingo, 13 de dezembro de 2009

O óbvio

O estado a que chegámos é tal que já nos surpreendemos quando alguém diz o óbvio:
"Freedom of speech should not include distortion of the truth, lies, fabrication and slander" Kate McCann.
"if anyone steps over the lines then they should be prepared to defend what they say in court." Gerry McCann.
daqui.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Vigiar e punir

Lembramo-nos bem do último governo com tutela presidencial. Foi com Santana Lopes, correu mal e acabou depressa. Era previsível que assim fosse. Mas, como para provar que nunca aprendemos o suficiente, esta semana vários socialistas vieram reclamar uma nova forma de tutela presidencial, desta feita sobre o Parlamento: Cavaco Silva deveria intervir, puxando as orelhas aos partidos que não se entendem.

O apelo insólito, para além de revelar desnorte político, teve, desde logo, o condão de fragilizar quem o fez
- que ficou à espera de uma resposta presidencial, que naturalmente não chegou. Não deixa de ser verdade que, no discurso de tomada de posse do governo, Cavaco destinou a si próprio o papel de referencial de estabilidade. Mas uma coisa é apelar a que o Presidente cumpra esse papel, outra, bem diferente, é criar as condições objectivas para que ele o faça.

Nas últimas semanas, temos visto facções que se digladiam numa competição para aumentar a despesa e diminuir a receita e a uma maioria que se lamenta perante as coligações negativas - isto ao mesmo tempo que se revela incapaz de fazer pedagogia política que explique a sua posição (veja-se o exemplo do Código Contributivo, em que só após a suspensão no Parlamento se ouviram os argumentos do executivo). Moral da nossa história: como os partidos não se entendem, reclamam que a autoridade vigie e puna. Em democracia só pode dar mau resultado, e não foi para isso que foi concebido o nosso semipresidencialismo.

publicado no i.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Manifesto anti-pessimista

O pé de fora

As candidaturas presidenciais ganhadoras são as que, partindo de um determinado espaço político, conseguem alargá-lo. Quando Mário Soares, em entrevista ao i, diz que Alegre está com um pé dentro e outro fora do PS tem, de facto, razão, mas está também a reconhecer o potencial eleitoral da recandidatura alegrista. O problema é que o pé que Alegre tem fora do PS - e em muitos dias é esse o "pé-director" -, ao mesmo tempo que tem ajudado a tornar a sua candidatura presidencial uma quase inevitabilidade, está a amarrar Sócrates a uma estratégia que não lhe convém. Há uns dias, Alegre proclamava que não estava refém de ninguém. É verdade, até porque são hoje Sócrates e o PS que estão reféns de Alegre: as lições de 2005 impedem uma candidatura alternativa à do poeta (que só fraccionaria o PS), mas Alegre Presidente ameaça o projecto político que Sócrates tem tido para o PS. Se a cooperação estratégica entre Cavaco e Sócrates é uma miragem de um passado longínquo, entre Sócrates e Alegre é uma utopia distante. É inevitável que, dentro de um ano, José Sócrates e Manuel Alegre estejam nos braços um do outro, enquanto proclamam a partilha dos valores da esquerda democrática. Acontece que, politicamente, não há convergência estratégica possível entre os dois. E, como se não bastasse, Alegre candidato oficial do PS não terá o potencial eleitoral de Alegre candidato com o "pé fora" do PS. Nisto, as presidenciais servirão para revelar o bloqueio estratégico que existe à esquerda.
publicado hoje no i.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Regressar de Paris

sábado, 5 de dezembro de 2009

A posição minoritária

Esta semana, Ana Gomes, na TSF, afirmava que quem era contra a tipificação do enriquecimento ilícito, por este inverter o ónus da prova, usava "desculpas de mau pagador"; já no Parlamento, Fernando Negrão, enquanto justificava a coligação entre PSD/BE/PCP nas políticas de combate à corrupção, falava no pré-crime.

Confesso que há para mim uma diferença de escala entre os deputados entenderem-se em torno de formas de aumentar a despesa de modo incontrolável e a coligação invencível que, a propósito do justo combate à corrupção, se prepara para esmagar quem se atreva a ter dúvidas sobre os passos demagógicos que estão a ser dados. É, ainda assim, bem mais grave, à boleia do calor mediático, minar os alicerces do estado de direito do que abraçar a indisciplina orçamental.

Tendo em conta que não me é possível sugerir que experimentemos colectivamente uma distopia - que infelizmente está sempre ao virar da esquina - onde direitos, liberdades e garantias são uma miragem do passado,

recomendo que se leia mais ficção científica ou se vejam as adaptações ao cinema.
No "Relatório Minoritário" de Philip K. Dick, o departamento que geria preventivamente a criminalidade chamava-se "precrime" e nos seus livros fica claro que a capacidade de impedir crimes de ocorrerem e a criação de sociedades absolutamente seguras tem sempre uma outra face bem sombria: um universo totalitário que tende a suspender as liberdades individuais. Convém recordar que se chega a esse mundo através de uma sucessão de pequenos passos.

publicado hoje no i.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Imaginação Informada


Brian Eno é um notável músico, mas também um surpreendente colunista político. A coluna que assina na "Prospect" - Dr. Pangloss - é um oásis de optimismo antropológico, enfrentando o modismo pessimista que tem feito escola. No seu último texto - "The post-theoretical age" - chama a atenção para o facto de vivermos numa era onde o debate é mais informado do que nunca. Dos blogue ao Twitter, assistimos a uma democratização do acesso a dados. As consequências são claras: "Na ausência de dados, teorizamos. Na abundância, só temos de fazer as contas." O que poderia parecer uma negação da dissensão política, não o é. Com a massificação da informação estamos a construir as ferramentas intelectuais que vão decidir o futuro. Perante este novo contexto, o conservadorismo leva vantagem: enquanto os progressistas se inclinam perante um futuro ainda indefinido, os conservadores agarram-se ao passado e sabem exactamente o que não querem. O futuro é para os progressistas um "acto colectivo de imaginação informada", sendo que a qualidade da informação está a melhorar.
Eno não o diz, mas informação pública de qualidade é o alfa e o ómega das políticas progressistas. Se há domínio no qual, em Portugal, há défices gritantes é esse. Défices que minam a confiança no debate público democrático. É por isso que o exercício de desinformação orçamental feito ao longo deste ano, sendo politicamente grave, é, acima de tudo, uma limitação à imaginação do futuro.
publicado no i.

Philip K. Dick ou Fernando Negrão?


"Nós vivemos em sociedades de transição. De transição entre uma sociedade industrial e uma sociedade digital, de transição entre uma sociedade nacional e uma sociedade global. Nos vivemos cada vez mais numa sociedade onde o risco e o perigo imperam. Todos nos sentimos isso todos os dias. E por isso é preciso construir o crime de enriquecimento ilícito, com base numa figura jurídica que é a figura jurídica do crime de perigo. E com base nessa figura jurídica nós podemos construir um pré-crime, no sentido de acautelar as situações que não têm tido acautelamento jurídico."
Podia fazer parte do Minority Report, mas não, foi mesmo um deputado do PSD ontem no Parlamento. Eu ouvi e não queria acreditar. Se calhar o melhor é mesmo fingir que não foi dito.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Rapazes



Esta versão do teledisco dos Girls para Lust for Life é apresentada como sendo hardcore (perceberão porquê). Os Girls têm um disco, uma história pessoal insólita e são a melhor coisa que o Evan Dando poderia ter feito depois de ter feito um par de discos iniciais com os Lemonheads já lá vai mais de uma década. O disco de estreia deles é todo assim: rock'n'roll exaltante e cantarolável, a empurrar-nos para festas. Acontece que por mais explícita que seja, qualquer versão hardcore dos Girls perde para a violência hardcore do que o John Darnielle faz - como se pode atestar aqui em baixo.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009