"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

padaoesilva@gmail.com

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A partir de amanhã


a acompanhar isto.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Sandy

sábado, 27 de outubro de 2012

A refundação é apenas um eufemismo para "nós falhámos"

Se bem percebo, a história dos últimos anos pode ser contada assim: o sistema financeiro desencadeou uma crise e a culpa foi dos Estados; por sua vez a austeridade tomou conta das políticas dos Estados e a culpa passou a ser das políticas sociais. No fim, onde antes se lia "gorduras do Estado" como elo de ligação de tudo isto, hoje pode ler-se "Estado social".

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Um exercício alucinado

"(...) o Governo elabora um orçamento que assenta num cenário macroeconómico fantasioso, em valores para o desemprego subestimados e numa expectativa para a receita inflacionada. A fórmula vai falhar e não estamos perante uma repetição do otimismo irrealista que caracterizou a política orçamental do passado recente, já entrámos no domínio da relação alucinada com a realidade.

Ninguém no seu perfeito juízo pode acreditar que uma austeridade sem paralelo provocará uma recessão de 1% do PIB e trará apenas mais 80 mil desempregados. Aliás, basta utilizar a nova versão dos multiplicadores orçamentais do FMI para se perceber que o impacto negativo na economia variará entre os 3 e os 5%, produzindo um efeito devastador no mercado de trabalho.
O Ministro Vítor Gaspar falou esta semana num “conjunto de incertezas” que ameaça a execução orçamental. Infelizmente estamos perante um conjunto de certezas: o orçamento não tem credibilidade, tem uma componente de alucinação, é incumprível e empurrará o país para uma espiral recessiva.
Se é assim, e a menos que a insanidade tenha tomado conta do Conselho de Ministros (hipótese que não deve ser descartada à partida), esta “estratégia” serve exatamente para quê? Para ganhar tempo? Talvez não fosse despiciendo que alguém no Governo ensaiasse uma resposta à questão. Se tal não for feito, o Governo, que agora se encontra moribundo, cairá às mãos do boletim de execução orçamental do 1º trimestre.

 o resto do meu artigo do Expresso de 20 de Outubro está aqui.


Coisas que nos fazem falta: compaixão, empatia

"What I find most deeply moving in Caravaggio's paintings is (...) his pervasive compassionate empathy. I don’t just mean his ability to depict compassion, as he does on the face of the early angel supporting Saint Francis in ecstasy or, more subtly and more tenuously, on the late face of David staring at the head of Goliath in the Galleria Borghese. What I’m referring to is Caravaggio’s truly extraordinary ability to imagine sympathetically what it must be like to be another person, saint or sinner, woman or child, knight or jailer, usually in circumstances he could never himself have known." Daqui.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

"do every stupid thing that makes you feel alive"

para ouvir aqui e ler aqui.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A terapia das cabeçadas na parede

"Imagine que tem uma enxaqueca bastante intensa, consulta um economista e este dá-lhe uma conselho: “bata com a cabeça na parede”. Obedientemente, dirige-se a um muro que encontra ao virar da esquina e é isso que faz. Não apenas vai sentir dores como a enxaqueca tenderá a intensificar-se. Ainda assim, porque confia no seu conselheiro, regressa para mais uma consulta. O economista amigo, depois de olhar para uma folha de excel, conclui que o problema é seu – não bateu com a cabeça com a intensidade adequada (ou seja, colocou pouco empenho na terapia) – e aconselha-o a insistir no tratamento, mas desta feita com mais vigor: tem de bater com a cabeça na parede com toda a força que for capaz. Chegados aqui, talvez convenha não ser economista para antecipar os resultados. Começará a sangrar da testa, a enxaqueca tornar-se-á insuportável e, caso tenha sido cumpridor, até o muro pode ter ficado ligeiramente danificado. É assim que o economista Bill Mitchell, no seu blog, resume as intervenções seguidas pelo FMI nos últimos anos. Hoje, já não é preciso ser grego para se estar familiarizado com a terapia das “cabeçadas na parede”. (...)" a versão integral do meu artigo do Expresso de 13 de Outubro pode ser lida aqui.

Memória do futuro

"(...) Ao suprimir os feriados do 5 de Outubro e do 1º de Dezembro, o Governo revela um misto de leviandade e irresponsabilidade, sugerindo, uma vez mais, que está convicto de que tudo é reconstruível a partir da vontade política do momento, num experimentalismo que só pode correr mal. Mal ou bem, hoje com uma distância simbólica crescente, os feriados que celebram o regime e a independência são uma forma de sincronizar o nosso passado colectivo com o presente, construindo uma memória coletiva, que é um requisito para existirmos como nação no futuro.
Convém, contudo, não desvalorizar que o fim da celebração da República tem também um efeito de ocultação do que é, ou deveria ser, o chão comum em que assenta o nosso regime e a nossa comunidade. A República, por um lado, como representação pluralista e livre dos cidadãos, e quadro institucional no qual se constrói a nação; por outro, como regime onde prevalece o primado da política como resposta à questão económica e social e não o contrário.
Esta crise tem sido, de facto, uma oportunidade para brincar com o fogo, e como descobriremos, infelizmente, à degradação económica e social seguir-se-á a decadência política e institucional, num contexto em que os laços que nos uniram foram sendo paulatinamente destruídos. Se não nos celebramos como comunidade política independente, corremos o risco de o deixar de ser."
a versão integral do meu artigo do Expresso de 5 de Outubro pode ser lida aqui.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

para ouvir, hoje, na Zona de Conforto.


Yet Again        5:18    Grizzly Bear    Shields           
Priest With Balloons 4:05    Tiny Ruins      Some Were Meant For Sea  
Hey Daydreamer       3:24    Neil Halstead Palindrome Hunches           
Jesus, Etc.       4:18    Bill Fay            Life Is People
Cloudy Shoes 4:09    Damien Jurado          Saint Bartlett
Where Are You Now 4:50    Dylan LeBlanc            Cast The Same Old Shadow
Falcon 2:55    minta & the brook trout       Olympia         
Dance For You           3:24    Dirty Projectors         Swing Lo Magellan
Please Don't Let Me Be Misunderstood      4:10    Me'Shell Ndegéocello Pour une âme souveraine  

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

the light color in the room

Uma canção de que gosto da mesma maneira há 20 anos (agora com os The Roots nos comandos)

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Carta que enviei hoje ao Público

Como assinante e leitor diário do Público, foi com surpresa que li na edição de terça-feira, dia 9 de Outubro, uma peça de página dupla, publicada surpreendentemente na secção Portugal, a propósito de um livro que se propõe “ensinar a fazer o curso na maior”. Imagino que nas redes sociais e nas conversas entre alunos circulem muitas dicas sobre como ter notas sem estudar ou contornando o trabalho que é exigível a quem frequenta o ensino superior; admito, naturalmente, que haja também quem queira beneficiar comercialmente com a divulgação dessas estratégias (publicam-se tantos livros tontos, por que razão não se há-de publicar mais um). O que me espanta é que o Público dê destaque em, repito, duas páginas a um conjunto de imbecilidades e ideias estapafúrdias sobre o que é (ou deve ser) estudar e, pior, as consequências para a vida social de se estudar. Nem falo da ideia peregrina referida na peça de que, cito, “o objectivo num curso é fazer as cadeiras. E isso não é sinónimo de acumular  conhecimento.” Tendo em conta que, a crer na notícia, um dos autores do livro é professor na Universidade Lusófona, percebe-se a afirmação. Se a universidade não é um local de cultura de exigência e de trabalho, perde a sua função. E como estamos necessitados, em Portugal, de instituições que se movam pela exigência, trabalho e rigor (e como é necessário que nas universidade se combata o facilitismo e a sua versão extrema, o plágio). Mas, talvez o mais chocante da notícia é a dicotomia completamente disparatada que é estabelecida entre “pessoa normal” e “malta que não fez isto [curtir a vida enquanto estudava] e que acha que os alunos também não o devem fazer. Foram ‘cromos’, tecnocratas, académicos.” Não sei em que mundo vivem os autores do estudo ou que percurso académico tiveram, mas posso dar um sem número de exemplos de bons alunos de ontem e também de hoje que não encaixam no perfil definido - o que não os impediu de alcançar um patamar de excelência na vida académica e profissional. Como os autores afirmam, “é nesta idade que estabelecemos uma rede de contactos, fazemos amigos para a vida. E esses amigos e contactos serão fulcrais no nosso futuro pessoal e profissional.” Aparentemente, os autores do livro não só conheceram e conhecem pessoas que são exemplos errados como se esqueceram de dizer que é também “nesta idade”, quando somos estudantes universitários, que temos a melhor oportunidade da nossa vida para “acumular conhecimento”. Um saber que será fundamental para a nossa vida, onde a capacidade relacional não é tudo. Tenho dificuldade em perceber como é que um jornal de referência, que é uma referência diária para mim, e que deve ser também um exemplo de rigor e exigência, publica um artigo como este.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Um ar irrespirável

"(...) Um titular do cargo de ministro da Justiça zela pela garantia de coisas elementares num Estado de direito, à cabeça de todas, a presunção de inocência, e não pode nunca pactuar com condenações baseadas em percepções públicas sobre corrupção, alimentadas por uma comunicação social que cavalga a insatisfação social. Quando tudo parece ruir, a última coisa de que precisávamos era de políticos que buscam a sua salvação pessoal na exploração dos sentimentos mais negativos sobre a classe a que pertencem, ultrapassando levianamente a fronteira que separa a barbárie da civilização e do Estado de direito. Até prova em contrário, os políticos são todos corruptos, é-nos sugerido diariamente; no fundo, Paula Teixeira da Cruz, ao afirmar que acabou o tempo da impunidade (para bom entendedor, o tempo em que a corrupção não era punida), vem confirmá-lo."

o resto do meu artigo do Expresso de 29 de Setembro pode ser lido aqui.