"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

padaoesilva@gmail.com

sexta-feira, 29 de março de 2013

Guitar Heroes


Marcel Proust a antecipar Johnny Marr (circa 1892)

quinta-feira, 28 de março de 2013

Nem tudo o que vem da Alemanha é mau



As "Boy"

quarta-feira, 27 de março de 2013

Caixa de Poupanças, "o meu colchão"

A solução para a crise na zona euro pode bem estar aqui. Um colchão com cofre incorporado. Para já, é a brincar, mas pode bem tornar-se realidade.

O que é que vai acontecer?


"(...) há previsões que falham e outras que são bastante certeiras. Por que é que isto acontece?
Nate Silver, em “the signal and the noise”, procura responder à questão com uma autoridade reconhecida. Silver surpreendeu o mundo quando há 4 anos acertou nos resultados de 49 dos 50 Estados norte-americanos nas presidenciais e, em Novembro, voltou a repetir a façanha, acertando, novamente, com um grau de precisão superior ao de todas as sondagens. Contudo, como o próprio reconhece, “adoramos prever coisas, mas não somos muito bons a fazê-lo”.
Para quem construiu uma reputação a acertar previsões, não deixa de ser sintomático que tenha escrito um livro a alertar para a nossa capacidade limitada para antecipar. No fundo, o que Silver sugere é que precisamos de aprender a incorporar a incerteza na forma como prevemos e que o segredo das previsões menos falíveis está no modo como se vão ajustando permanentemente a novas informações.
Para Nate Silver, as previsões falham porque há demasiado ruído (i.e., excesso de informação) que oculta os sinais (i.e., a verdade), ao mesmo tempo que temos uma inclinação para procurar os dados que confirmam os nossos preconceitos. Para lidar com o ruído, Silver sugere uma estratégia baseada na aproximação à verdade.
Devemos começar por estabelecer a probabilidade de alguma coisa acontecer e depois ir alterando os resultados consoante vamos tendo mais informação. Não se trata de uma abordagem puramente empírica, bem pelo contrário, mas, sim, da necessidade de contrariar a tendência para forçar a realidade a conformar-se com os nossos preconceitos ideológicos. Daqui decorre uma recomendação clara: quanto mais disponíveis estivermos para testar as nossas ideias, maior a nossa capacidade para lidar com o ruído, aprender com os erros e saber ler os sinais sobre o que vai acontecer."
a versão do meu artigo do Expresso de 16 de Março pode ser lida aqui.

terça-feira, 26 de março de 2013

Os anos oitenta foram difíceis para todos


O que viriam a ser os Radiohead, algures em Oxford, circa 1980 (com posters dos Marillion e Iron Maiden)

segunda-feira, 25 de março de 2013

A maioria silenciosa


"Numa cena de “Homens Simples” de Hal Hartley, Martin Donovan estaciona a carrinha e, num ambiente bucólico, grita exasperado: “não aguento o silêncio”. Depois, irrompem as guitarras distorcidas de Kool Thing dos Sonic Youth e logo vemos os protagonistas a ensaiarem uma coreografia em conjunto que, enquanto devolve a memória de “Band à Part”, contrasta com a quietude que causava desconforto ao protagonista do filme. Na ausência de outra possibilidade, o baixo materialismo dos acordes em distorção surgia como resposta a um silêncio e a um vazio insuportáveis.
Tem sido notado que o elemento mais surpreendente da manifestação do passado sábado foi o seu lado quase lúgubre. Durante longos momentos, enquanto desciam a Avenida da Liberdade em Lisboa, milhares de pessoas caminhavam num passo pesaroso, sem o acompanhamento das palavras de ordem que tendem a surgir nestes momentos. O silêncio cinzento parecia ser o espelho exato do sentimento político da manifestação. É dito com frequência que a política tem horror ao vazio. Pode bem ser verdade, mas há momentos em que de facto o vazio político impera.
Há, hoje, uma coligação ampla de rejeição à estratégia política que a Europa tem desenhado para enfrentar a crise e que o Governo português cumpre com desvelado empenho. Contudo, não se vislumbra uma alternativa política que represente maioritariamente o descontentamento e que tenha capacidade de inverter este rumo. De certa forma, o silêncio dos manifestantes é a expressão política do vazio. Se houvesse um horizonte de esperança, corporizado por uma alternativa política, dificilmente teríamos tido manifestações tão desalentadas. (...)"
o resto do meu artigo do Expresso de 9 de Março pode ser lido aqui.

terça-feira, 19 de março de 2013

As crónicas do SXSW


as minhas crónicas desde Austin, no Texas, para a TSF, já podem ser escutadas:
5º dia
4º dia
3º dia
2º dia
1º dia



segunda-feira, 11 de março de 2013

SXSW

Nos próximos dias, andarei por aqui, em Austin no Texas. Para quem quiser ir sabendo o que por lá se passa, a partir de quarta-feira, farei uma crónica diária na TSF (entre as 18.30 e o noticiário das 19, com repetição antes do noticiário das 23). A realidade regressa daqui a uma semana.


quinta-feira, 7 de março de 2013

O novo mundo do protesto

"(...) há um conjunto de ilusões associadas a estas novas formas de participação.
A primeira das quais é a ilusão criada pelas redes sociais. O facebook, os blogues e o twitter potenciam formas de expressão política ambicionadas há séculos – não intermediadas, diretas e individualizadas. Mas se estas formas de participação podem ser muito expressivas, não são, no entanto, capazes de funcionar como válvulas de escape para o descontentamento. Pelo contrário, as redes sociais acabam por funcionar como repositórios de tensões e ressentimentos, em lugar de promoverem a sua superação.
Mas, talvez, a maior das ilusões se prenda com o efeito das novas manifestações. Seja nas redes sociais ou, hoje, nas ruas do país, a força dos protestos não se traduz em mudança política efetiva. Não apenas porque há contradições politicamente insuperáveis entre quem se manifesta, mas, no essencial, porque não há (ainda) quem interprete os protestos e quem os traduza num programa político alternativo.
Não nego a importância do protesto baseado na recusa do que existe, mas, sem alguém que o represente organicamente, a sua eficácia é reduzida. Ora o problema é precisamente esse: as formas tradicionais de representação de interesses já não são vistas como representativas, mas ainda não foram encontradas novas formas capazes de organizar a mudança. O que só consolida a natureza radicalmente nova da crise que enfrentamos."
o resto do meu artigo do Expresso de 2 de Março está aqui.

Destruir para criar

"“É impossível aumentar impostos, desastroso continuar a pedir emprestado, e cortar despesa é simplesmente desadequado”. As palavras podiam ter sido escritas hoje e revelam com precisão os dilemas que Portugal enfrenta. Contudo, fazem parte de um memorando redigido em 1786 por Charles-Alexandre de Calonne, ministro das Finanças de França, dirigido a Luís XVI. Na sequência deste texto, o monarca aceitou convocar uma assembleia de notáveis para discutir um plano de reformas. A assembleia falhou e, por sugestão do Marquês de Lafayette, foram convocados uns estados gerais (os últimos tinham sido em 1614). Como sabemos, bastaram três anos para a degradação financeira, económica e social se traduzir no colapso político do antigo regime.
Se conto este episódio é porque ele é um bom retrato da situação de Portugal hoje – não podemos aumentar impostos, é desastroso continuar a pedir emprestado, os limites para os cortes na despesa já foram ultrapassados e não há apelos aos consensos que nos salvem. Com uma agravante: os dois caminhos dominantes que nos têm sido oferecidos para lidar com o beco sem saída em que nos encontramos têm um lado mimético.(...)"
o resto do meu artigo do Expresso de 23 de Fevereiro está aqui