O Benfica é tão grande, tão grande que até tem uma dinamarquesa fanática pelo clube.
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Somos todos da América profunda
Seja lá o que isso for, quem usa casaquinhos destes deve ter andado por lá muito tempo. Não sei se já repararam, mas os Wilco tocam Domingo no Coliseu e se o disco novo é muito bom, ao vivo é que esta rapaziada de facto se revela. Reparem no solo de fazer inveja ao Neil Young (ou será ao Slash?) neste one wing que tem uma versão de estúdio bem mais contida.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
quarta-feira, 27 de maio de 2009
A minha estação preferida
"Mesmo que não conheças nem o mês nem o lugar / caminha para o mar pelo Verão"
Ruy Belo
Agora que é Inverno, recupero a memória fotográfica do último dia de férias de Verão. Uma memória que se repete: todos os anos, no dia em que volto as costas às férias, após subir a duna íngreme que me afasta do mar, olho fixamente para trás, como se aquele fosse o derradeiro dia de praia.
Na verdade, regresso muitas vezes àquela mesma praia, mas de facto só um ano depois, quando volta o Verão, é que ela me é devolvida. Só então volto a tomar a praia como minha, reacendendo-se inesperadamente, como num turbilhão, um sopro de felicidade absoluta. É paradoxal que assim seja. É agora no Inverno que as ondas nos chegam mais espaçadas, movendo mais água e com menos vento. É agora o tempo do mar dos surfistas.
“É triste no Outono concluir/ que era o Verão a única estação”, escreveu Ruy Belo em ‘A Mão no Arado’, um dos seus mais espantosos poemas. Naturalmente que o Verão sobre o qual escrevia não era o dos surfistas em dias de ondas quentes. Mas ainda assim, no dilema entre Verão e as outras estações, há invariavelmente alguma coisa que, para quem olha o mar com os nossos olhos, remete para o surf.
O surf dos verdadeiros surfistas é o de Inverno, habituamo-nos a ouvir dizer. É aí que se separam as águas: entre os fortuitos e os que enfrentam as manhãs frias e as ondas com consequências. Eu, pelo contrário, preciso de chegar ao Inverno para sentir saudades do “suave tempo” que tantas vezes desdigo enquanto o vivo. É agora Inverno e olho com um contentamento redobrado para o que ficou para trás: já não tenho presentes os dias e dias de flat em Agosto, ou as sucessivas nortadas que nos atormentam, e satisfaço-me com a recordação de duas ou três ondas quentes e perfeitas. Hoje tenho o Inverno e a certeza de um mar melhor. Mas, tenho também o Verão como única estação. O “Verão sem limites” onde num breve momento podemos encontrar a onda que fixamos na memória. Ainda que fugazmente, só no Verão podemos ambicionar um mundo perfeito para o qual convergem as ondas, o calor na água e a areia soalheira, pronta a retemperar as nossas forças e, acima de tudo, a ausência de sombras.
É por isso que olho para trás no fim de Agosto quando deixo as férias e a praia. Eu sei que vou regressar umas semanas depois àquele mesmo lugar. Mas quando volto, nem me atrevo a olhar com os mesmos olhos. Falta-me o torpor do vento tépido, mas, acima, de tudo, a ausência de sombras que confere uma cor única. Com o sol a pique, não há imagens projectadas e vemos tudo com uma lucidez que não se volta a repetir ao longo do ano.
Se olho uma última vez para a praia, é porque sei que vislumbro ali um tempo parado, batido pelo sol. É um fugaz momento, mas que trago no regresso à cidade. Depois, basta-me fechar os olhos e ficar com a certeza que na memória tenho tudo. O calor, o vento e um mundo de ondas perfeitas. Muitas delas imaginadas.
Estou convencido que a nostalgia de um lugar é mais rica se conservada como nostalgia, como se a sua recuperação significasse a morte da ideia que fazemos desse mesmo lugar. Agora que se passam semanas sem ver mar, vai-me bastando esse pulsar sereno que guardo do dia em que virei as costas ao Verão. Eu, por mim, estou convencido da superioridade daquele último olhar furtivo.
Publicado na coluna Sal na Terra da Surf Portugal.
terça-feira, 26 de maio de 2009
O espelho do BPN
A menos que algo de surpreendente se esteja a passar na discrição da investigação (algo improvável tendo em conta o tratamento de que é alvo o segredo de justiça entre nós), há sinais de que, em seis meses, se progrediu mais numa comissão de inquérito do que no processo que decorre na Justiça. Agora, o mínimo que se pode esperar é que a Justiça seja capaz de aproveitar o trabalho parlamentar e produzir prova a partir dos factos relatados na comissão.
do meu artigo de hoje no Diário Económico.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Os covers como indicadores
"you cannot tell a book by its cover, but you can tell a band by its covers."
Nic Ratner, a propósito da vida pós-Birthday Party de Nick Cave se ter iniciado com um cover de Avalanche, de L. Cohen. Mas o melhor mesmo é aproveitar o facto do "documentário" lançado com a edição remasterizada dos álbuns iniciais dos Bad Seeds estar hoje e amanhã disponível aqui. O melhor que podem fazer é ouvir tudo.
entretanto, a parte 2 já pode ser vista aqui.
Liderança ou caos
A única forma de pôr termo a este descalabro é conferir ao Procurador-Geral - única entidade com legitimidade democrática dentro do MP - a responsabilidade e o poder de pôr ordem na casa e garantir o seu bom funcionamento."
Daniel Proença de Carvalho no Semanário Económico.
sábado, 23 de maio de 2009
Quique fica
Quique falhou este ano. Falhou nas hesitações constantes quanto às posições de vários jogadores, na incapacidade de encontrar uma forma de conciliar Suazo e Cardoso, nas sugestões para contratações (Balboa foi uma invenção sua), mas, acima de tudo, na definição de um modelo táctico que apostava na contenção, num meio-campo consistente, mas pouco ou nada dinâmico, e que parecia pensado para o contra-ataque. Não por acaso, o Benfica não perdeu com o Porto, ganhou duas vezes ao Sporting e outras duas ao Braga. O problema foram mesmo os jogos com as equipas do fundo da tabela. Não é possível ter uma boa classificação com o Benfica e perder sete pontos com os dois últimos classificados. O afastamento de Diamantino e Chalana não foi certamente um bom contributo para ajudar o espanhol a conhecer melhor as equipas portuguesas e a perceber que o contra-ataque não serve para o Benfica para além de dois ou três jogos por temporada. Mas, este ano, como nos anteriores, o treinador foi o menor dos problemas do Benfica. Com uma gestão desportiva adequada, o mais provável era que Quique Flores tivesse tido outra sorte. A sorte que teve, por exemplo, Trap.
Mas como no Benfica é difícil aprender, está em curso uma tentativa de repetir os erros no passado. Criar a ilusão de que se resolve tudo com uma substituição de treinador. Quando o que era preciso era estabilidade no plantel (contrariando a sangria anual, que, no defeso, leva todos os anos os dois melhores da época anterior) e na equipa técnica, o Benfica vai substituir Quique, tudo aponta, pelo "mestre da táctica" Jorge Jesus.
Deixemos de lado a fama que acompanha Jesus no submundo das contratações ou a relação muito peculiar que o técnico bracarense tem com a expressão oral em português (o que convenhamos não é uma qualidade irrelevante para quem treina o Benfica), basta recordarmos o seu curriculum (do Felgueiras ao Moreirense, passando pelo Setúbal). Nem é preciso olhar muito para trás, veja-se o que se passou com o Braga esta temporada. Com um plantel que, no mínimo, compete com o do Sporting, o Braga prepara-se para ficar atrás do Nacional da Madeira e, durante grande parte da temporada, os arsenalistas perderam sistematicamente pontos com equipas com muito menos condições. Enquanto uma nova temporada de Quique seria um sinal de que o Benfica, por uma vez, valorizava a estabilidade e a capacidade de aprender com os erros, com Jesus, volta a aposta numa incógnita, que tem tudo para correr mal, e será certamente acompanhada de duas mãos cheias de contratações, feitas ao gosto do novo treinador. A coisa é de tal modo, que já se fala de um regresso do marcante Tixier ao futebol português para acompanhar Jesus.
Na verdade, talvez seja altura do Benfica, em lugar de mudar de treinador, mudar de Presidente. Até porque há um candidato natural ao lugar: Rui Costa que poderia ser bem acompanhado por José Veiga.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
O vigilante do amor
O Sam Beam, escondido nos Iron & Wine, anda por aí há uns tempos a cantar baixinho mas com uma força que pode levar à conversão. Agora, tem um disco que arruma as versões e os out-takes. Não ouvi. Mas, pela amostra, não foram muitas as vezes em que os New Order soaram assim.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
It’s very natural to me to be agressive with the guitar
"It’s very natural to me to be agressive with the guitar, violent with the guitar. I’m such a big fan of guitar that is really disgusting, gnarly. No other word for it, just gnarly."
St. Vincent
O João Lisboa tem estado envolvido num campeonato de escolha de fotos da St. Vincent. Não é por nada, pese embora alguns exemplares competitivos, este blog leva vantagem (apenas porque encontrou isto).
(ah, esta frase que impõe todo o respeito do mundo, foi tirada deste video que, por sua vez, tirei das provas de contacto).
Se Portugal fosse um país a sério
Tudo terá começado com uma notícia no DN. O que se escrevia era que teria havido um corte de 15 mil desempregados nos ficheiros do IEFP. Depois, e se bem me recordo, no corpo da mesma notícia, acrescentava-se que esse corte resultava de um erro de cruzamento entre os registos de contribuições para a segurança social (que se reportavam a Fevereiro de 2008) e o desemprego registado (que se reportava a Fevereiro de 2009). Ou seja, um cruzamento positivo, que não tem muitos anos e permite que alguém que está a trabalhar e não comunique ao IEFP, deixe de contar como desempregado, teria sido feito indevidamente. Acontece que, e pasme-se, esse erro foi detectado e os dados do desemprego registado foram corrigidos antes da sua publicação. Ou seja, a notícia é que houve um erro e ele foi corrigido internamente, antes de os dados serem públicos.
Eu sei que era preciso fazer um esforço de leitura, mas ler é uma coisa que dá trabalho e como o desemprego está a crescer, o melhor é não deixar que a verdade dos factos estrague uma boa história. A boa história é comentar uma notícia inicial sem demonstrar qualquer preocupação em lê-la e percebê-la. Depois, como o delírio não tem paragem, os partidos rapidamente se apressaram a pedir auditorias externas (certamente para tentar perceber como é que uma instituição pública consegue detectar internamente um erro antes que ele fosse público) e pedidos de demissão do presidente do IEFP (aliás, gostava de saber se o pedido feito pelo PSD é subscrito pela Drª Ferreira Leite ou se foi um entusiasmo parlamentar).
De facto, se Portugal fosse um país a sério.
O contributo da bipolarização
Antes de mais, porque o eleitorado do BE é o menos consolidado de todos os partidos. Não apenas porque tradicionalmente os potenciais eleitores bloquistas revelam grande propensão para a abstenção, mas, também, porque são eleitores que nunca votaram BE.
Este facto, aliás, serve para consolidar um paradoxo. Enquanto entre a direcção do PS e do BE há, relativamente a políticas centrais, diferenças inegociáveis, as diferenças de posicionamento político entre os eleitores flutuantes dos dois partidos são bem menores.
Face a este cenário, o BE escolheu o Governo como principal (e único) adversário político e o PS tem apontado artilharia pesada ao BE. O problema é que este jogo de ataques mútuos tem tido como consequência empurrar para o BE os eleitores oscilantes entre os dois partidos.
Mas, por si só, a aproximação das eleições contraria qualquer estratégia política. O inevitável crescimento do PSD – feito no essencial à custa da descida do CDS – traz de novo uma questão que pairará como um espectro sobre os eleitores de esquerda: preferem um Governo de Ferreira Leite ou um novo Governo de Sócrates? Como o BE não tem resposta para esta questão e mostra-se indisponível para fazer parte da solução de governabilidade após as legislativas, é natural que muitos dos que hoje manifestam o seu protesto através do BE, se mostrem de novo disponíveis para votar, de modo útil, a favor da governabilidade à esquerda.
comentário à relação entre PS e BE quando se aproximam as eleições, publicado hoje no Diário Económico.
terça-feira, 19 de maio de 2009
Sair, ficando
do meu artigo de hoje no Diário Económico.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Não te salves
À beira do caminho
Não congeles o júbilo
Não ames com desprendimento
Não te salves nem agora
Nem nunca
Não te salves
Não te enchas de calma
Não reserves do mundo
Apenas um canto tranquilo
Não deixes cair as pálpebras
pesadas como julgamentos
não fiques sem lábios
não adormeças sem sono
não te penses sem sangue
não te julgues sem tempo
Mas se
Ainda assim
Não o puderes evitar
E congelas o júbilo
E amas com desprendimento
E te salvas agora
E te enches de calma
E reservas do mundo
Apenas um canto tranquilo
E deixas cair as pálpebras
Pesadas como julgamentos
E ficas sem lábios
E adormeces sem sono
E te pensas sem sangue
E te julgas sem tempo
E ficas imóvel
À beira do caminho
E te salvas
Então
Não fiques comigo.
Morreu Mario Benedetti
Cavaco da Capadócia
Geni e o Zepelim
Manuel Esteve no Diário Económico.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Um camelo numa varanda
Uma das coisas boas da idade adulta é poder-se comprar bilhetes decentes para concertos. Daqui a um par de semanas, o tipo na segunda fila que se vê neste video vou ser eu. Entretanto, enquanto vou vendo o DVD do Ashes of American Flags (ainda não houve ninguém que fizesse o obséquio de democratizar a coisa no youtube), os próprios Wilco têm para audição integral o novo álbum (que tem o magnífico nome de Wilco) no site da banda. A propósito, o álbum vem acompanhado de uma grande capa e não desilude. Aliás, o dueto com a senhora Feist é como se esperava.
terça-feira, 12 de maio de 2009
Já desistiu
do meu artigo de hoje no Diário Económico.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Este gajo levava o meu voto
O Pete Seeger fez noventa anos e ainda há uns meses o vimos a cantar ao frio, na tomada de posse de Obama, acompanhado pelo Springsteen. Há uma semana, no Madison Square Garden, em vez dos Knicks, jogou uma rapaziada para o homenagear. Não se encontram as músicas com um mínimo de qualidade (pensando bem, talvez valha a pena ver este video), mas esta discursata do Boss é do caraças e vale a pena, independentemente das músicas. Ainda a propósito da versão integral do 'this land is your land', cantada na tomada de posse: "that’s what Pete’s done is all life. He sings all the verses all time. Especially the ones we would like to leave out of our history as a people."
(e claro, esqueçam a pivot)
É reconfortante ler isto
Obama did this several times during the presidential campaign, most notably in his courageous speech on race. He took America to a higher place by explaining what we all knew and felt but giving it a larger and nobler frame. He educated us in the best sense of the word. Doing so may have been politically pragmatic but his goal was not solely to get elected. Nor was it simply to demonstrate to us the leadership of which he is capable, although the speech did that. His goal was also to make us more aware about how race is used divisively. In doing so he drew on what in retrospect seem "commonsensical" positions and "middle of the road" values. But that’s not how the speech struck most of us then. We were transformed by the power of his thinking and the values that underlay it – values that we share but had not thought through.
President Obama can afford to do the same with regard to the overriding issue of widening inequality in American society. He can connect the dots for us, allowing us to understand why inequality is widening without deriding the rich or castigating the fortunate. Doing so would allow us to understand what he is seeking to do and why, and empower us to seek and do the same."
Robert Reich
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Há, de facto, muita tolerância com o PC
O comentador sou eu e de facto na sexta-feira na RTP-N disse que há muita tolerância na sociedade portuguesa com o PC. A frase foi dita perante a a recusa que o PC demonstrou ao longo do dia em se distanciar dos agitadores (que se combinou com as twittadas do deputado Miguel Tiago, que, entre outras pérolas, escreveu que “Vital Moreira é que agride os trabalhadores portugueses há muito tempo!” (sic)). Em momento algum esteve em causa outra responsabilidade do PC que não a de, ao contrário dos outros partidos, não ter criticado o que aconteceu. Mas se fossem necessárias mais provas da tolerância que se tem com o PC, aí estão as declarações de Bernardino Soares hoje.
Vamos ver se nos entendemos: as democracias pluralistas assentam num chão comum, que tem necessariamente de ser partilhado por todos. O problema do PC é mesmo esse: divide-se entre a hesitação na defesa e a secundarização de princípios basilares da democracia, à cabeça o pluralismo, o respeito pelos direitos humanos e pela liberdade de expressão. Basta ter lido as teses ao último congresso onde o PCP defendia o “papel de resistência à “nova ordem” imperialista” dos países que definem como “orientação e objectivo a construção duma sociedade socialista – Cuba, China, Vietname, Laos e R.D.P. da Coreia” e onde revelava uma nostalgia despudorada da U.R.S.S – “a contribuição da URSS e, posteriormente, do campo dos países socialistas, para os grandes avanços de civilização verificados no século XX foi gigantesca” para se perceber a consideração que o PC tem por esse chão comum. Sobre votos de fé na democracia, estamos, por isso, conversados. Façamos um paralelismo com o que aconteceria se um qualquer partido de direita português se lembrasse de tecer um elogio equivalente a qualquer regime autoritário. Suspeito que ninguém, e a meu ver bem, toleraria. Pois ao PC tudo é permitido, desde logo a escalada de crescente ortodoxia em que se tem embrenhado e que é tomada como uma idiossincrasia nacional, meio patusca. De facto, é preciso ter muita tolerância com os intolerantes.
Há uma fonte de legitimação democrática à qual o PC recorre sempre que se vê em apuros – o anti-fascismo e a corajosa resistência de muitos comunistas ao regime de Salazar. 35 anos depois, aí reside o capital democrático dos comunistas portugueses. É isso, aliás, que permite, por exemplo, que o PC se ache dono e senhor do 25 de Abril e do 1º de Maio, momentos em que outros democratas são autorizados a juntarem-se aos comunistas. Nada disto é novidade, mas é uma tendência que se tem acentuado nos últimos tempos. Nem sequer é preciso voltar ao “caso Vital Moreira”. Basta recordar como José Neves – a quem todos os que em Portugal defendem uma sociedade pluralista devem de facto muito – foi também apupado este ano nas comemorações do 25 de Abril.
Bernardino Soares, que há uns tempos tinha “dúvidas que a Coreia do Norte não fosse uma democracia”, resolveu hoje dizer que as minhas declarações “eram uma boa carta de recomendação para integrar os quadros da PIDE”. De facto, há muita tolerância com o PC, desde logo, porque a afirmação é de tal modo insultuosa que só é tolerável porque vivemos numa democracia, onde temos de tolerar principalmente os intolerantes.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Até tu, Stringer Bell
"They're so removed from what I do and at the same time they're very protective of me, because I'm their only child. I tell them that Obsessed is breaking box-office records and that I'm going to be interviewed on the Paul O'Grady Show, and my mum says, 'Oh, that's good. Did you eat today?' I need that stuff more than ever" ·
Idris Elba, mais conhecido como Stringer Bell, no Guardian.
E que tal arranjarem um argumento?
terça-feira, 5 de maio de 2009
O Pai Natal dos partidos
do meu artigo de hoje no Diário Económico.
O maravilhoso mundo da PT
(umas tentativas depois, nem sequer há “atendimento” ao “cliente”. Desligaram. No fim do ano, já se sabe, os gestores da PT devem receber uns prémios de produtividade. Não é certamente pelo serviço que prestam. Entretanto, telefonou-me o Jacques, dizendo que já sabia que eu estava com um “probleminha” (sic). Diz que aparece daqui a umas horas).
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Movimento apaguem a memória
(mais desenvolvimentos aqui.)
Um curriculum apresentável
conversas do gmail:
me: não viste o Barça? não sei o que é que vais contar aos teus filhos.
manel: 6-3, 4-4, 2-1 (parma e juve), 1-0 marselha, 7-0 Honved, 0-6 hamrum spartans (poker do yuran), 3-1 cska sofia golaço do schawrtz, 5-2 final da taça contra o boavista, 3-2 bessa sousa à baliza e o golo do luisao ao ricardo.
Séries da minha vida
A Charlotte envolveu-me numa corrente (acho que nunca tinha sido envolvido numa destas coisas) para escolher as quinze séries que deram consistência (bolas!) à minha vida. Acho que quinze é um número excessivo. Aqui vão algumas.
Primeiro, as dos anos de formação: a Galáctica, a Balada de Hill Street e os Três Duques. Depois, a única que segui sem interrupções, bem antes das caixas integrais: Twin Peaks (que podia também chamar-se, com propriedade, E Deus criou a mulher). Pelo meio, o Reviver o Passado em Brideshead, que vi parcialmente talvez na segunda emissão na RTP e depois integralmente em 1994, na primeira caixa que tive com uma série, em VHS, e já depois de devidamente inspirado pelo Evelyn Waugh (salvo seja). Nos últimos tempos, quatro séries que entram directamente para o top-10. O Roma do John Millius que, ainda não sei como, conseguiu não introduzir nenhuma metáfora sobre surf na série; o Deadwood, que bate todas as outras pelo realismo e pelos actores (estou há dois anos para arranjar a última temporada com legendas); o West Wing (a mais entusiasmante de todas as que vi, o que não deve abonar muito a meu favor); e ainda o The Wire, talvez a melhor de todas na construção das personagens e que imagino seja uma abordagem realista de uma realidade que, na verdade, desconheço se existe de facto assim.
Para que isto não morra aqui, passo a corrente ao Tiago Tibúrcio, ao Pedro Marques Lopes, ao Miguel Marujo, ao Lourenço Cordeiro e ao Pedro Arruda.
sexta-feira, 1 de maio de 2009
Working class hero
Isto passou-se anteontem em Philadelphia e tenho a certeza que o Joe Strummer deve ter ficado contente.
Assim se vê a força do PC
(esperem lá, acabo de descobrir pelo Paulo que o camarada Jerónimo afinal já falou, para dizer: "Não assisti aos factos, não tenho informações suficientes". E que dizer das palavras da jovem guarda?. Carvalho da Silva entretanto já tem informações: quem reagiu assim foram trabalhadores desempregados ou em desespero. Pelos vistos não foi autorizado a pedir desculpas.)
A vida corre inteira pelas nossas mãos
Hoje à noite, no Santiago Alquimista, directamente do Jardim da Estrela, Os Golpes apresentam o seu disco de estreia. Foi preciso esperar uns quanto anos para que voltasse a valer a pena ouvir rock em português. Como escreve o Samuel Múria, "o fervilhar do rock português de tempos idos está lá todo. Mas desenganem-se os profetas da desgraça, do terrorismo-revivalismo, do rebanho de antanho: Os Golpes não são do passado. A grande ironia geográfica deste país hipnotiza-nos com a sua cauda. Os Golpes estão noutra ponta: a garraiar os cornos do porvir."