Mas como no Benfica é difícil aprender, está em curso uma tentativa de repetir os erros no passado. Criar a ilusão de que se resolve tudo com uma substituição de treinador. Quando o que era preciso era estabilidade no plantel (contrariando a sangria anual, que, no defeso, leva todos os anos os dois melhores da época anterior) e na equipa técnica, o Benfica vai substituir Quique, tudo aponta, pelo "mestre da táctica" Jorge Jesus.
Deixemos de lado a fama que acompanha Jesus no submundo das contratações ou a relação muito peculiar que o técnico bracarense tem com a expressão oral em português (o que convenhamos não é uma qualidade irrelevante para quem treina o Benfica), basta recordarmos o seu curriculum (do Felgueiras ao Moreirense, passando pelo Setúbal). Nem é preciso olhar muito para trás, veja-se o que se passou com o Braga esta temporada. Com um plantel que, no mínimo, compete com o do Sporting, o Braga prepara-se para ficar atrás do Nacional da Madeira e, durante grande parte da temporada, os arsenalistas perderam sistematicamente pontos com equipas com muito menos condições. Enquanto uma nova temporada de Quique seria um sinal de que o Benfica, por uma vez, valorizava a estabilidade e a capacidade de aprender com os erros, com Jesus, volta a aposta numa incógnita, que tem tudo para correr mal, e será certamente acompanhada de duas mãos cheias de contratações, feitas ao gosto do novo treinador. A coisa é de tal modo, que já se fala de um regresso do marcante Tixier ao futebol português para acompanhar Jesus.
Na verdade, talvez seja altura do Benfica, em lugar de mudar de treinador, mudar de Presidente. Até porque há um candidato natural ao lugar: Rui Costa que poderia ser bem acompanhado por José Veiga.