"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

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quarta-feira, 13 de agosto de 2014

e o carrossel voltou?



Na primeira parte da Supertaça fomos devolvidos ao Benfica da última temporada. Uma equipa com uma organização defensiva coerente com a forma como ataca e com princípios de jogo bem consolidados. Quem tenha visto aqueles primeiros 45 minutos ficou com a sensação de que o campeão tinha voltado e com ele o carrossel atacante. Será mesmo assim ou as razões para estarmos preocupados mantêm-se?

Se bem que o Rio Ave não seja a bitola pela qual o Benfica se deva medir, a verdade é que, depois de uma pré-temporada deprimente, bastou apresentar um onze praticamente só com jogadores da época anterior para regressar uma equipa que parecia uma memória distante. Este facto é, ao mesmo tempo, motivo de tranquilidade e preocupação.

Tranquilidade porque, apesar de todas as convulsões, há uma base que garante qualidade (pelo menos para consumo interno); preocupação porque o sistema de Jesus, que requer muita aprendizagem, precisa de jogadores habituados a pô-lo em prática. Ora, há ainda um risco de perder jogadores dos nove que foram titulares e que vinham da época passada. E, como se viu em Aveiro, a posição 8 é nuclear – e de enorme exigência física, técnica e tática –, pelo que a saída de Enzo é a maior ameaça a pairar sobre a forma como o Benfica joga.

Aliás, já se notaram alguns sintomas de um dilema tático que se colocará ao longo da temporada. Talisca, que durante a pré-temporada jogou na posição de Enzo, apareceu mais avançado. Este sistema, com três jogadores no meio-campo, enquanto equilibra a equipa, retira eficácia na hora de marcar. Não por acaso, não houve capacidade de transformar em golos o carrossel ofensivo.

Mas a maior preocupação continua a ser a ausência de reforços para posições-chaves. Enquanto se andou a comprar Candeias, Djavans e Luís Filipes, não se cuidou de contratar jogadores de qualidade (à cabeça um guarda-redes). Seguindo outros exemplos, uma boa resolução seria transferir vários jogadores para o banco mau e com o seu salário dar um aumento significativo a Enzo. Resolvíamos grande parte dos nossos problemas e podia ser que o carrossel atacante voltasse para ficar.

publicado no Record de ontem