Os nossos políticos andam inconformados e birrentos. Nenhum dos líderes partidários se conforma com o resultado das eleições: Sócrates não perdoa aos portugueses não ter tido maioria absoluta e age como se ainda a tivesse ou, pior, alimenta a ilusão de que pode recuperá-la; Ferreira Leite não percebe como teve tantos votos como o omnipresente Santana e, em lugar de se afastar e permitir que o PSD respire de novo, insiste na estratégia de insídia que a levou à derrota; Louçã não aceita que a esquerda iluminada não faça a diferença para a maioria absoluta; Jerónimo não compreende como é que a crise não provoca um levantamento nacional que ponha de vez fim à democracia burguesa; Portas não entende como é que a sua clarividência retórica não basta para o alcandorar a líder incontestável da direita. Vai daí, fazem todos uma enorme birra: uns fingem que não perderam as eleições e outros não aceitam governar com o resultado eleitoral. A consequência está à vista - querelas institucionais com base em atrasos a chegar a reuniões, provocações, acusações de falta de carácter e coligações negativas. Para sairmos deste pântano, é-nos sugerido, poderíamos perguntar, de novo, ao soberano o que pensa sobre o assunto. Como nos aproximamos do fim do ano, permita- -se que faça uma profecia:
o resultado eleitoral seria o mesmo de há um par de meses. Logo, é bom que cada partido desempenhe o papel que lhe foi destinado pelos portugueses em Setembro.
publicado no i.