"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Quem é que estava à rasca?

"(...) o ‘ai, ai, ai, ai’ que se gerou em torno dos cortes das pensões foi o que desencadeou a crise política surreal que vivemos. De tal modo que o PSD, depois de meses e meses a insurgir-se contra subidas de impostos, logo se apressou a trocar os cortes nas pensões por um aumento do IVA. Para quem defendia redistribuição a favor da ‘geração à rasca’, estamos conversados.
O tema das pensões é terreno fértil para todas as demagogias. Vale a pena recordar duas coisas.
Havendo grande concentração de pobreza entre os pensionistas, nem todos os reformados com pensões baixas são pobres. Pelo contrário, por força da deslegitimação, que durou décadas, dos descontos para a segurança social, muitos deles encontraram formas de poupança que explicam que, hoje, o seu rendimento disponível seja superior. Ao mesmo tempo que muitos reformados acumulam pensões, nomeadamente por terem feito descontos como emigrantes.
Não faz sentido tomar o valor das pensões mínimas como sendo o rendimento dos pensionistas pobres. Com a introdução do completamento solidário para idosos, os pensionistas com rendimentos inferiores a 419 euros têm uma prestação diferencial que perfaz esse montante (sim, é muito pouco). Aliás, hoje, as pensões mínimas não sujeitas a condição de recursos são mecanismos de reprodução de desigualdades – o que justificaria que, por exemplo, se acabasse com a pensão social.
Se o discurso da redistribuição de recursos a favor dos jovens é para ser levado a sério, era bom debater seriamente as pensões (nomeadamente as não contributivas), em lugar de se embarcar numa espiral de demagogia desbragada a que ninguém resiste. Mas a explicação para que isso aconteça é singela: os pensionistas votam, os ‘jovens à rasca’ deixam-se ficar em casa. Enquanto assim for, não esperem muito."
o resto do meu artigo publicado no Expresso de 2 de Abril pode ser lido aqui.