Este fim-de-semana confirmou-se o que era uma inevitabilidade desde o início da temporada: o campeonato é uma corrida a dois. Benfica e Porto são superiores a todas as outras equipas a vários níveis – qualidade individual, organização coletiva e intensidade competitiva. Podem ter dificuldades numa ou outra partida, mas há uma distância significativa entre os dois primeiros classificados e restantes equipas.
O que nos deixa uma certeza: teremos um campeonato disputado e que se decidirá em torno de quatro dimensões – arbitragens; liderança em campo; forma física; e desgaste da Champions.
Muito se tem falado de um Benfica “levado ao colinho”. É uma evidência que semana sim, semana sim, o campeonato é brindado com arbitragens medíocres, mas, quando se fizer a contabilidade final, veremos que no “deve e haver” dos beneficiados teremos um quadro de equilíbrio. O que mudou é que o Porto deixou de beneficiar dos campos inclinados a que se habitou. A forma como as próprias arbitragens vão ser capazes de ficar imunes à pressão do discurso do “colinho” fará diferença.
Durante muito tempo, uma das vantagens do Porto face ao Benfica foi ter uma voz de comando em campo, capaz de funcionar como treinador durante os jogos. Desde a saída de Lucho, o Porto não mais teve um líder dentro do relvado. O Benfica tem Luisão.
Ao
contrário do que se quer fazer crer, não há grandes diferenças entre os
11 titulares. Onde o quadro é menos equilibrado é quando falamos de
segundas linhas. O Porto leva vantagem na qualidade individual do seu
banco. As lesões e a forma física serão, por isso, decisivas. A este
propósito, é uma incógnita o impacto da Champions no Porto. O desgaste
pode fragilizar a equipa, mas bons resultados podem ser um suplemento de
alma adicional.
No fim, a melhor equipa será campeã, pelo que de pouco serve andar, desde já, a ensaiar choradinhos.
publicado no Record ontem