"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

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quarta-feira, 3 de junho de 2009

Eu e a minha senhora

O dr. Cavaco – político profissional aí há uns trinta anos – continua a ter um problema quando está sob pressão (legítima ou ilegitimamente, pouco importa). Hoje, mais uma vez, se calhar porque Fernando Lima não estava por perto, para dar uma mão, não se saiu bem.
Neste história das acções da SLN não há, na verdade, nenhum problema em si. Há apenas (o que em política não é pouco) um problema de gestão do assunto. Bem pode o Dr. Cavaco indignar-se, mas não vejo porque razão a sua “seriedade” deva estar imune ao escrutínio político e mediático. Ele é um político, exactamente igual aos outros políticos, pelo que tem de responder às questões incómodas, pertinentes, mas também às questões estúpidas e impertinentes que os jornalistas (com demasiada frequência, é verdade) colocam. Ora hoje, após ter manifestamente omitido um facto aquando do comunicado sobre o BPN, não deu um bom contributo para encerrar o assunto.
Antes de mais, o tom de vítima: “Eu e a minha mulher, antes de eu estar nesta posição, quando éramos apenas professores, não tínhamos as nossas poupanças debaixo do colchão, nem tão pouco no estrangeiro”. Na verdade, haverá muitos professores que têm tido perdas com a bolsa nos últimos meses e que viram as suas poupanças "desaparecidas". Mas a SLN, ao contrário do que Cavaco sugere quando nomeia outras empresas das quais detém acções, não está cotada em bolsa, pelo que não estou a ver que fosse fácil a um casal qualquer de professores adquirir acções desta empresa, como poderia adquirir da EDP, SONAE ou Brisa. Além de que não vejo como seria possível a um gestor de conta adquirir acções de uma empresa não cotada, ainda mais sem envolver o detentor das poupanças nesse processo. Depois, neste caso concreto, Cavaco e a sua mulher não perderam dinheiro, fizeram uma mais valia, se não estou em erro, de 140%. Claro que o lote de acções era reduzido e não estamos a falar, nem de longe, nem de perto, de um accionista de referência. Ou seja, estamos, de facto, perante uma mão cheia de nada, pelo que custa a perceber porque razão Cavaco não matou o assunto à nascença, deixou-o crescer e, hoje, como se não bastasse, veio ainda introduzir mais ruído. Deve ser porque não é um político profissional. Apesar de andar há trinta anos a fazer política.