"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

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quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Com a mentira m'enganas

Desde George Orwell que sabemos que quem controla o passado, controla o futuro e quem controla o presente, controla o passado. É assim que deve ser entendida a tentativa de Bruno de Carvalho de reescrever a história dos títulos de campeão nacional. Não fora a iniciativa tão tosca e desconforme com os factos, Bruno de Carvalho arriscava-se mesmo a ser o presidente do Sporting a conquistar mais títulos num só mandato – para já, quatro campeonatos em três anos. Seria obra, não fora ser na secretaria.

Regressemos ao estimulante exercício de revisionismo. O argumento do presidente do Sporting parte do pressuposto de que o Campeonato de Portugal disputado até 1938, por eliminatórias, corresponde ao Campeonato Nacional. Podia fazer sentido, não fora a hipótese não ser acompanhada por ninguém, nem sequer pelo autor do ‘Almanaque do Leão’, Rui Miguel Tovar. Aliás, a própria Federação, aquando da alteração das competições, logo em 1938, teve o cuidado de consagrar a doutrina, para memória futura, "Por virtude da reforma a que se procedeu no Estatuto e Regulamentos da Federação, os Campeonatos das Ligas e de Portugal passaram a designar-se, respetivamente, Campeonatos Nacionais e Taça de Portugal".

Talvez a explicação para este ímpeto de conquistas esteja na história recente: desde que Bruno de Carvalho foi eleito, há uma regularidade estatística – o Benfica sagrou-se sempre campeão. Não sei se há correlação entre os dois eventos, em todo o caso, tendo em conta que o presidente do Sporting se alimenta a antibenfiquismo, talvez o assunto o preocupe.

publicado no Record de 14 de novembro