"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Contra o entusiasmo


Há um ano, por esta altura, o Benfica era uma equipa destroçada. Sem fio de jogo, a viver uma transição traumática de treinadores e a acumular maus resultados. Antes da deslocação a Braga, a questão que se colocava era se fazia sentido começar a preparar a nova temporada, mudando de treinador e lançando novos jogadores ou, pelo contrário, teimar numa aposta que parecia falhada. Entretanto, o Sporting liderava o campeonato com uma vantagem que era sensivelmente a mesma que o Benfica tem agora. Sabemos bem como terminou o campeonato.
E sabemos também que pequenos fatores fizeram uma grande diferença: a entrada de Renato na equipa, que ligou os setores e conferiu dinâmica ao futebol do Benfica, e uma dupla atacante (Jonas e Mitroglou) que começou a marcar golos em catadupa. Claro está que, não fora o excesso de confiança demonstrado pelo Sporting, a vantagem amealhada pelos de Alvalade não teria sido delapidada.
É essa a principal lição que o Benfica agora deve recordar. Não há lideranças confortáveis e nem os adversários são tão frágeis como sugerem os resultados deste fim-de-semana, nem futebolisticamente o Benfica é tão superior como indicia a tabela classificativa. O Porto, por estar liberto da tensão entre Benfica e Sporting, tem a vantagem de correr por fora e tem este ano mais soluções em posições chave; já o Sporting tem um excelente treinador, com um plantel desenhado à sua medida e que é bem mais completo do que o do ano passado. É por isso que, agora, contrariar o entusiasmo natural que se sente na família benfiquista é tão importante como ultrapassar as fragilidades futebolísticas que ainda existem.


publicado no Record de 1 de novembro