segunda-feira, 12 de abril de 2010
Liberdade de escolha
O JMF lembrava hoje, linkando isto, que para Nietzsche "a vida sem música era um erro". Eu, que sou provavelmente o pior cantor do mundo, acrescento que a educação sem música é um erro. Não sei de que modo contribuiu a minha educação musical para a música que hoje ouço, mas sei que tive a sorte de fazer a primária no rescaldo do PREC, na melhor escola do mundo. As músicas que aprendi eram do Zeca, do Zé Mário Branco e do Fausto - que a certa altura fez um disco fabuloso, precisamente sobre o nome da escola onde eu andava. Temo que os meus filhos aprendam outras músicas, e quando vejo o meu filho a cantarolar os ABBA ou os insuportáveis Black Eyed Peas temo pelo futuro. Mas sou tolerante e há mesmo um tempo para tudo (mas, pelo sim pelo não, em nome do dirigismo e da política do gosto, já o convenci da superioridade do Johnny Cash, até porque na Balbúrdia na Quinta há uma versão do I Won't Back Down). No fundo, há momentos em que sou pela liberdade de escolha na educação, uma coisa que parece ser agora muito popular. Mas depois, vejo este video e comovo-me. A escola é manifestamente pública, com miúdos de muitas etnias, provavelmente de um contexto - lá está - sócio-económico desfavorecido. Mas, o que conta aqui é que há um professor que ensina outras músicas a este conjunto de miúdos. Acho que mudar o mundo é apenas isto e liberdade de oportunidades é estes miúdos poderem aprender esta música dos Beach House, numa escola pública.
(a propósito de ser possível oferecer aos miúdos músicas não apatetadas, que dizer deste workshop do Thurston Moore, para crianças a partir dos oito anos, que decorreu ontem. O que isto não fará pelo futuro duma criança?)