"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

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terça-feira, 6 de abril de 2010

O que nasce torto

(...) O problema é que sobre a necessidade militar dos submarinos conhecemos apenas justificações circulares e sabemos que a NATO classificou a aquisição como um "desperdício", já sobre o seu papel económico também pouco se sabe. Numa altura em que se exige uma análise "custo/benefício" para construir um viaduto pedonal, é estranho que, sempre que se coloca uma questão sobre submarinos, nada mais se encontre para além de respostas evasivas.
E é aqui que entram as responsabilidades políticas. Uma das obrigações primeiras de quem governa é esclarecer. Quando o tema são submarinos, assistimos a uma espécie de "passa ao outro e não ao mesmo". A este propósito, a reacção de Durão Barroso foi paradigmática. Confrontado com as notícias do Der Spiegel, não se inibiu de afirmar que não tinha tido "qualquer intervenção directa" no negócio, além da participação na decisão tomada colectivamente em Conselho de Ministros. No fundo, a maior aquisição da democracia portuguesa foi tratada como um decreto-lei do Ministério da Agricultura. Estamos, no mínimo, perante um caso de irresponsabilidade política. Durão Barroso afirmar que não teve "intervenção directa" no negócio dos submarinos é o mesmo que Sócrates dizer que não sabia do negócio PT/TVI, mas a uma escala radicalmente diferente. Não só está em causa um valor dez vezes superior, como, no primeiro caso, era um negócio do Estado; no segundo, entre privados, sendo que o Estado detinha apenas uma ‘golden share' na empresa compradora. (...)
do meu artigo no Diário Económico.