"(...) As coisas têm-se passado de tal modo que já se começa instalar a ideia de que talvez ainda esteja para nascer o líder do PSD que vai derrotar José Sócrates. Confesso que acho algo ilusório este optimismo. Na verdade, as últimas sondagens continuam a dar vantagem ao PSD - à semelhança do que sucede em praticamente todos os países, onde os Governos têm sido muito penalizados pela crise.
No final, a revisão constitucional de Passos Coelho pesará sempre muito menos do que os números do desemprego. Com o desemprego nos 10% de pouco servirá acenar com o papão neo-liberal. A realidade tem sempre mais força do que as proclamações programáticas.
Mas, para além destes indicadores económicos e sociais que não costumam dar muita saúde política aos governos, provavelmente o maior sinal de alerta para o PS é a incapacidade que revela em marcar a agenda política. No discurso de Mangualde, Sócrates esforçou-se por lembrar a agenda do Governo. Infelizmente, e como já vem sendo hábito, dessa agenda pouco ficou na memória - e isto diz muito da capacidade de mobilização e liderança de que o Executivo goza nesta fase. Longe vão os tempos em que se discutia as políticas de educação de Maria de Lurdes Rodrigues, a reforma da segurança social de Vieira da Silva e as mudanças na saúde de Correia de Campos. E, nesta fase, era mais de iniciativas políticas do que de crises políticas que o país precisava."
do meu último (e também derradeiro) artigo no Económico.