"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Más notícias para a esquerda

Num mundo em permanente mudança, há uma instituição que nunca nos surpreende: o Partido Comunista Português. Depois de muito se falar de Carvalho da Silva, Ilda Figueiredo ou Bernardino Soares, o Comité Central do PCP decidiu aprovar, "por unanimidade e aclamação", o nome do "camarada Chico Lopes" como candidato à Presidência da República. Francisco Lopes não é um parlamentar conhecido nem uma figura mediática. É muito mais relevante do que isso. Trata-se de um dos três membros do Secretariado da Comissão Política, uma espécie de "politburo" do PCP. Esta escolha representa, a curto e a médio prazo, más notícias para a esquerda. É certo que Jerónimo lembrou que o candidato da direita é o principal adversário. E que Alegre se apressou a saudar a decisão da Soeiro Pereira Gomes, confiando no Partido Comunista para mobilizar os seus próprios eleitores. Mas é evidente que o principal adversário do PCP nestas eleições (como noutras) é o Bloco de Esquerda. O PCP não deixará de querer recuperar a hegemonia do espaço à esquerda do PS, e para isso o seu candidato precisará de atacar o governo e o seu candidato presidencial. Como se viu em 2006, o resultado da divisão à esquerda não é a mobilização para a segunda volta mas a desmobilização logo à primeira.
A médio prazo as perspectivas também não são animadoras. Se tivermos em conta que Carvalhas, primeiro, e Jerónimo, depois, passaram pelas campanhas presidenciais, tudo indica que estamos perante uma etapa essencial do cursus honorum dos secretários-gerais do PCP. Depois de Jerónimo não virá mais renovação e abertura. Virá Francisco Lopes.
publicado hoje no i.