quarta-feira, 25 de março de 2009
Estabilizadores automáticos
Têm-se ouvido alguns apelos para que se deixe os estabilizadores automáticos funcionar. Parte da resposta à crise passará por aí. Mas, ainda assim, há dois “estabilizadores automáticos” com notável capacidade e cujo utilização exaustiva ainda não foi experimentada. Um é a mobilização popular, uma dose justa de populismo: como recordava Robert Reich a propósito da aprovação de uma taxa de imposto retroactiva para as empresas que distribuíram bónus aos seus quadros, após terem recebido avultados apoios públicos, “it's nice to see that when the public gets sufficiently angry about something, Congress responds.”; outro, é mesmo o voto. Desconfio que é a melhor garantia de que não se repetirá uma parte importante do que aconteceu e nos trouxe até aqui. Há quem ache que, perante uma crise desta dimensão, o voto é um empecilho que empurrará os decisores para soluções ilusórias, guiadas pelo imediatismo. O ideal seria uma moratória na democracia e um conselho de “homens bons” para tomar decisões difíceis. Desconfio que precisamos exactamente do contrário.