Mudou a presidência do sindicato dos magistrados do ministério público e a conversa mantém-se. João Palma, assim que tomou posse, logo repetiu a ladainha de que os magistrados sofrem pressões: “há pressões, umas conhecidas e outras não, e se for necessário, se não acabarem, direi quais são e quem as faz”.
A história, aliás, não é nova. Primeiro, aparecem nos jornais – sempre nos mesmos, sempre nos mesmos – umas notícias que falam da existência de pressões, logo a seguir vem o sindicato referir sem concretizar as mesmas pressões que os jornais noticiaram sem concretizar. Depois, claro, chega o “agarrem-me se não eu denuncio”. Tendo em conta que são magistrados, talvez não fosse má ideia denunciarem mesmo, em lugar de ameaçar em abstracto e concretizar invariavelmente através de uma mão-cheia de nada. O assunto é sério de mais para que possa pairar a suspeição generalizada combinada com uma “revolta na bounty”, sob a forma de sublevação contra a “hierarquia”. A menos que o essencial do problema seja mesmo não haver uma hierarquia. Afinal, como lembrava Pinto Monteiro há uns tempos: “o MP é um poder feudal de condes, viscondes, marqueses e duques”. Faltou acrescentar o sindicato dos magistrados do ministério público.