Este fim-de-semana, Benfica, FC Porto e Sporting tiveram passeios no campeonato. Foi assim nesta jornada e o mesmo ocorrerá muitas vezes até ao final da temporada. As equipas pequenas limitam-se a resistir, não procuram jogar futebol e, contra os grandes, o máximo que ambicionam é esperar que, estacionando um autocarro em frente à área, sejam capazes de não sofrer golos. Até aqui, nada de novo: o desequilíbrio é a marca do campeonato português.
O
que é novo é que o fosso entre os três grandes e mais uma mão-cheia de
clubes capazes de jogar futebol e as restantes equipas cresceu. Doze
jornadas cumpridas, há sete clubes que têm menos do que oito golos
marcados e menos pontos do que jogos disputados - ou seja, são incapazes
de pontuar mesmo contra clubes do "seu campeonato". Com a ideia
peregrina de termos um campeonato com 18 equipas, o nivelamento por
baixo passou a ser a regra. A 1.ª Liga tem demasiados clubes que
praticam um futebol medíocre, não formam jogadores e não têm adeptos nos
estádios. Ou seja, não cumprem nenhum dos requisitos necessários para
disputar um campeonato profissional. Servem exatamente para quê estas
equipas na 1.ª Liga?
O problema é que a presença na 1.ª Liga destes clubes tem um efeito negativo sobre todo o futebol português. Desde logo porque torna-o menos atrativo para jovens estrangeiros de qualidade (que Benfica e FC Porto têm sabido contratar e valorizar nos últimos anos); depois porque enquanto os grandes se arrastam em jogos desinteressantes, mas fisicamente desgastantes, a sua capacidade de ir longe nas provas europeias diminui. Finalmente porque Benfica, FC Porto e até Sporting, ao esmagarem clubes que, há uns anos, teriam dificuldades na Divisão de Honra, alimentam a ilusão de que são equipas fortes. Infelizmente, com uma Liga com 18 clubes, o futebol português será cada vez mais fraco na Europa.
publicado no Record de terça-feira