(...) A tentativa de compra da Media Capital pela PT deu, a este respeito, um péssimo sinal. Como aliás parecia ser consensual aquando da alienação da Lusomundo, a separação entre plataformas e conteúdos ia no bom sentido. O súbito retrocesso estratégico anunciado antes do Verão não encontrou nenhuma explicação plausível, pelo que a ideia que ficou a pairar é que tudo se resumia a uma vontade indomável de controlar um grupo de media através de uma empresa com uma ‘golden share' pública. Aliás, se o objectivo era tão estratégico, não se chega a perceber por que razão, uma vez abortado o negócio com a PRISA, não procurou a PT encontrar outra alternativa no mercado.
No fundo, tudo radica numa questão: garantido o serviço público e com uma entidade reguladora eficiente, há algum motivo para que o Estado se envolva directa ou indirectamente no negócio dos media? A resposta é não, o que serve também para revelar que, enquanto existir uma ‘golden share' na PT, estaremos sempre condenados à interferência política nos media. Não só não é esse o caminho para garantir o pluralismo como cria o caldo adequado para que interesses financeiros, pulsões controleiras de governantes e protagonistas do sub-mundo partidário se coliguem com efeitos devastadores para a qualidade da democracia.
do meu artigo de hoje no Diário Económico.