"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

padaoesilva@gmail.com

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O rock'n'roll salva



entretanto a FNAC está quase a oferecer (22 euros) uma caixa com os 7 primeiros álbuns do Bruce.

sábado, 25 de setembro de 2010

Façam o favor de se distinguirem

"(...) Quando a oferta partidária é indistinta, o mais natural é que a mobilização política diminua e o sentido do voto perca relevância. Ora, o que o PSD tem feito nos últimos meses pode prejudicar o partido eleitoralmente, mas terá dado um bom contributo para que PS e PSD se demarquem mais, o que não deixará de ter consequências no tipo de ancoragem que os partidos passam a ter. O PSD, prejudicando-se no curto prazo ao clarificar as águas, é bem capaz de ter feito um enorme favor à política portuguesa. Tanto mais que o tipo de diferenciação que procurou assenta também numa rutura com a agenda tradicional da direita portuguesa. Se, no passado, a distinção se fazia mais nos temas relacionados com costumes, com tiradas conservadoras ou argumentos securitários, projetando uma imagem de autoridade, Passos Coelho procura afirmar-se com uma agenda liberal, demarcando-se onde PS e PSD tradicionalmente estavam mais próximos: no papel do Estado na economia e nos temas sociais.
Podemos considerar que não há um bloco social maioritário que apoie a agenda de Passos Coelho e que o PSD, ao encostar-se muito à direita, diminuiu o seu potencial eleitoral; podemos também pensar que o PSD escolheu o instrumento errado, pois fazia mais sentido rever a sua declaração de princípios do que rever a Constituição, que deve refletir um amplo consenso. Seja como for, a redefinição programática do PSD obrigou também o PS a reposicionar-se e, mesmo que tenha sido feita de forma tosca e confusa, trouxe consigo uma clarificação ideológica que é positiva."

o resto do meu artigo no expresso de 18 de setembro pode ser lido aqui.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Number one





"in some people bedrooms"

sábado, 18 de setembro de 2010

Tenho Medo

"Se me perguntarem qual é a minha prioridade na educação dos meus filhos, direi que é garantir que eles não têm medo. Medo físico, medo das personagens assombrosas que lhes surgem nos sonhos, mas também que têm a coragem suficiente para fazerem face às tormentas com que se defrontarão ao longo da vida. Se tiverem confiança, o resto virá por acréscimo. Para parafrasear a escritora Natalia Ginzburg, em "Le piccole virtú" (infelizmente não traduzido em português), tendemos a ensinar às crianças muitas das pequenas virtudes (a poupança, a prudência, a astúcia, a diplomacia e o desejo de sucesso), mas nisso esquecemo-nos das grandes virtudes (a generosidade, o amor à verdade, a abnegação, a coragem e o desejo de saber mais).

Peço desculpa se, dito assim, parece uma questão privada, pouco adequada a uma coluna de opinião, por natureza pública. Infelizmente não é. Para que os meus filhos - e, acrescento, os nossos filhos - não tenham medo, tenho também de lhes poder dizer que, se for caso disso, a lei estará do lado deles para os proteger. É isso que me leva a fazer em público uma confissão que é semiprivada: eu tenho medo da justiça em Portugal e o que se vai sabendo do famigerado processo Casa Pia só consolida as minhas inquietações.(...)"

o resto do meu artigo da semana passada no Expresso pode ser lido aqui.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Baarìa


Eu não sou um fã incondicional do realizador Giuseppe Tornatore. Mas ao ver, no último fim-de-semana, Baarìa, tive a certeza que sou fã incondicional de Tornatore como realizador. No fundo, invejo a possibilidade de fazer filmes daqueles: explicitamente lamechas, sem nenhuma auto-censura sentimental. Mais do que gostar dos filmes, o que gostava era de ser eu a fazer aqueles filmes.

Consciência de classe



(manel, estou lixado por não me teres convidado para o video.)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O choque social é tecnológico

Portugal precisava de um impulso de modernização tecnológica aplicado à administração pública como de pão para a boca. Mas o choque tecnológico pode também ter consequências sociais, alargando desigualdades já muito profundas. E, quando combinado com deslumbramento tecnológico, o desastre é garantido: dos chips para as matrículas, apresentados como parte de um “cluster da telemática rodoviária”, ao VIA CTT que ninguém utilizou, já se inventou de tudo. Agora, ficou a saber-se, os beneficiários das prestações não-contributivas (RSI, subsídio social de desemprego e abono de família) têm de fazer prova de recursos através do site da Segurança Social. Como se não bastasse, em plena crise económica, começar por apertar o cerco àqueles que mais sofrem com o desemprego e a pobreza, o Governo lembrou-se também de lhes exigir o que não são capazes – aceder a um site na internet (que não têm) e preencher formulários que requerem competências específicas (que provavelmente lhes escapam). Se os cortes nas prestações sociais revelavam prioridades políticas erradas, o modo como estão a ser adoptados esconde um profundo desconhecimento do país, feito de muita pobreza persistente.
publicado no Expresso de 4 de Setembro.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Presos no Pântano

A partir de quinta-feira há uma garantia: o quadro parlamentar não mudará até, pelo menos, Maio. Com o aproximar das presidenciais, Cavaco Silva fica constitucionalmente inibido e Portugal fica politicamente preso num pântano. Sem maioria parlamentar, sem coligações e com uma tensão pré-negociação do Orçamento que não se ajusta aos desequilíbrios que temos de enfrentar. Tudo isto serve para lembrar que o primeiro dos problemas do país é de natureza política. Na Europa, há países com défices mais elevados (Irlanda), níveis de endividamento superiores (Itália), mais desemprego (Espanha) e até com perspectivas económicas mais débeis (Grécia), mas não há nenhum país que não tenha um Governo de maioria absoluta ou uma coligação governamental ou de incidência parlamentar. É essa a nossa singularidade. Depois das legislativas, os partidos não foram capazes de se entender e o assomo de responsabilidade que PS e PSD revelaram por altura dos PEC entretanto desfez-se. O cenário tornar-se-á agora ainda mais pantanoso. Ao Governo não resta alternativa senão aprovar o Orçamento com o PSD, com o beneplácito do candidato Cavaco Silva, que foge a sete pés de uma campanha contaminada por uma crise política de natureza orçamental. Ao mesmo tempo, o PS apoia um candidato que preferia um Orçamento viabilizado à esquerda, sendo que à esquerda não há possibilidades de criar condições políticas para conter a despesa. Já o PSD, pressionado pelas sondagens positivas, tem revelado um frenesim que faz com que Passos Coelho opte por arremedos de crise em lugar de procurar entendimentos. Nos próximos tempos, para utilizar uma expressão cara ao Presidente, tudo indica que a nossa situação será insustentável. Mas, antes de tudo, politicamente insustentável.

publicado no Expresso, de 4 de Setembro (e porque hoje é 9 de Setembro)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Campos de Morangos para Sempre


Para lá da cerca -
Crescem - Morangos -
Para lá da cerca -
Eu podia subir - se tentasse, eu sei -
Que bom, morangos!

Mas - se eu manchasse o Avental -
Deus haveria de ralhar!
Ai - fosse Ele um Rapaz, acho eu -
Subiria - também - pudesse Ele!

Emily Dickinson

Dá que pensar

Durante o fim-de-semana, as Pestanas, os Martins, as Cabritas e os Namoras andaram a falar sozinhos. Mas não totalmente. Na Festa do Avante, Jerónimo de Sousa juntou-se ao coro, afirmando que foi feita justiça no processo Casa Pia. Perante tanta razão para, no mínimo, termos dúvidas, a posição do colectivo, expressa pelo secretário-geral, dá que pensar.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

I can't stand the quiet

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

We can reach our destination, but we're still a ways away

Onde estava o mar está agora o ecrã do computador. Mas eu também suspeitava que quando regressasse teria os Walkmen à espera. Pois o disco novo está todo para audição aqui e no fundo confirma que eles estão num dos caminhos que o Dylan abriu mas nunca chegou a percorrer. São mesmo bons, tão bons que fazem o que aqui se vê ao Driver 8 dos REM (que me serve para recordar que gostei muito dos REM e até tive durante muito tempo na parede do quarto uma das primeiras capas do LP - alguém se lembra do jornal? - com uma foto deles, julgo por altura do lançamento do Green). No fundo, nada disto importa muito depois da praia. Mas que se lixe.


The Walkmen cover R.E.M.