Apesar de tudo, podemos ter alguma esperança em relação aos amanhãs que cantam
segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Uma grande transformação de novo
"(...) A atualidade do pensamento de Polanyi é evidente. Há uma década atrás, tenderíamos a afirmar que a história não havia sido generosa com a interpretação que fez da evolução das economias de mercado (na aparência, com o fim da era do ‘liberalismo encastrado’ de Bretton-Woods, assistíamos a uma estabilização do capitalismo globalizado, autorregulado e escassamente institucionalizado); mas hoje, após o desencadear da crise em 2008, com os abalos sísmicos vindos do sistema financeiro norte-americano, o cenário é bem distinto: uma recessão profunda que afeta grande parte das economias industrializadas, desequilíbrios sistémicos que aparentam não ter resolução e uma subordinação política dos Estados-nação aos interesses do sistema financeiro que tem poucos paralelos históricos. Aproximamo-nos, de novo, do tempo que marcou Polanyi e influenciou o seu pensamento? (...)"
O meu texto publicado no Atual do Expresso a propósito da tradução para português de "A grande transformação" de Karl Polanyi pode ser lido aqui.
Uma teoria geral dos buracos
"Vale a
pena recordar a história do homem que tinha como ambição elaborar uma teoria
geral dos buracos. De cada vez que era confrontado com uma qualquer questão
simples – Que tipo de buracos? os feitos pelas crianças na construção de castelos
de areia? os que são escavados para assentar as fundações de uma construção? Os
que um agricultar cava para lançar sementes à terra? -, ele respondia, em tom
indignado, que a sua aspiração era desenhar uma teoria geral, capaz de explicar
todos os buracos. O que era uma evidência para o teórico dos buracos, é negado
pelo senso comum – as explicações dos diferentes tipos de buracos variam.
Quando pensamos no modo como a discussão sobre a refundação do Estado foi lançada, ficamos com a impressão de que se, por absurdo, obedeceu a algum princípio foi à teoria geral dos buracos. Não se sabe de que é que se está a falar e realidades muito diversas são tratadas como sendo iguais. (...)"
Quando pensamos no modo como a discussão sobre a refundação do Estado foi lançada, ficamos com a impressão de que se, por absurdo, obedeceu a algum princípio foi à teoria geral dos buracos. Não se sabe de que é que se está a falar e realidades muito diversas são tratadas como sendo iguais. (...)"
o resto do meu artigo do Expresso de 15 de Dezembro pode ser lido aqui.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
É Natal na Zona de Conforto
a emissão da Zona de Conforto de hoje será dedicada a canções que têm o Natal como pretexto. Entre elas estará este Wonderful World, apropriado há 20 anos por estes dois camaradas, num EP para celebrar a quadra. Como sempre, podem ouvir em direto na antena da TSF depois do noticiário das 23 horas e a partir de amanhã em streaming no site.
Alinhamento:
Alinhamento:
Erlend Øye - Last
Christmas
João Gilberto -
Presente de Natal
Nadine Carina - Christmas Memories
Nadine Carina - Christmas Memories
John Cale - A Child's
Christmas In Wales
John Lennon – Happy
Xmas (was ir over)
Lou Reed – Xmas in
February
Tom Waits - Christmas
Card From A Hooker In Minneapolis
Iron & Wine –
Naked as We Came
Fleet Foxes – White
Winter Hymnal
Nick Cave & Shane
Macgowan – What A Wonderful World
O PREC II
"Não é tarefa fácil, mas se procurarmos
fazer um exercício de exegese da confusão que grassa no discurso de Passos
Coelho, acabaremos por intuir algum significado no que nos é dito.
A preocupação com a linguagem na
política não é novidade. George Orwell, num ensaio de 1946, “politics and the English language”, sublinhava que perante a decadência da civilização, a
linguagem teria inevitavelmente de partilhar o colapso geral. Mais,
acrescentava que sendo a decadência da linguagem causada por factores
económicos e políticos, com o tempo, aquela tornava-se, ela própria, causa de
degradação. “A linguagem torna-se feia e imprecisa porque as nossas ideias são
idiotas, mas a natureza negligente da nossa linguagem faz com que seja mais
fácil ter ideias idiotas”, acrescentava Orwell.
Talvez seja adequado tomar a forma como
o primeiro-ministro se expressa como um sinal mais vasto de colapso político e
social. O que, sendo, em si, relevante, não nos deve impedir de olhar para o
que nos é dito.
Se considerarmos que a linguagem
importa, a forma como o termo “refundação” emergiu no debate público português
é, politicamente, muito relevante. Não é indiferente que se inicie um debate
sobre as funções do Estado, sobre o conjunto das políticas públicas, com uma
expressão que remete para um repensar das fundações e que sugere ruptura com o
passado. De facto, refundação é, do ponto de vista etimológico, um termo que
nos aproxima mais de “revolução” do que de “reforma”. (...)"
continuar a ler aqui.
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Os Silvas estão vivos
Tendo em conta que os The Smiths não se reúnem, reúnem-se Os Silvas. Este Sábado, dia 15, eu e o Francisco Mendes da Silva vamos regressar ao gira-disquismo e fazer o povo dançar no Bartô (no Chapitô). A partir das 23h. Entrada livre. Partilhem e apareçam.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Os 10 melhores álbuns de 2012
1º Dirty Projectors –
Swing Lo Magellan
2º The Walkmen –
Heaven
3º Lambchop – Mr. M
4º Cowboy Junkies –
Wilderness
5º Gregory Porter –
Be Good
6º Frank Ocean –
Channel Orange
7º Leonard Cohen –
Old Ideas
8º Mountain Goats –
Transcendental Youth
9º Mark Eitzel – Don’t Be a Stranger
10º Divine Fits – A Thing Called Divine Fits
para ouvir na zona de conforto.
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
A política sitiada
"(...) Para
quem valoriza a democracia representativa e vê na Assembleia da República a
instituição soberana e o melhor dos garantes do bom funcionamento de um regime
assente nas liberdades, naturalmente que o cerco montado ao Parlamento, que
culminou nesta semana em ataques despóticos, à pedrada, só pode ser visto com
muita preocupação. Mais, a escolha sistemática da Assembleia da República como
lugar de convergência de manifestações (algo que não acontecia em Portugal)
devolve-nos a um passado de turbulência institucional de má memória.
a versão integral do meu artigo do Expresso de 17 de Novembro pode ser lida aqui.
Estamos,
contudo, perante um caso em que o poder político, em lugar de contrariar a
tendência para o enclausuramento, optou por se entrincheirar, dando sinais de
fragilidade que funcionam como incentivos para que o descontentamento se
dirija, de forma cada vez mais intensa e violenta, às instituições da
democracia representativa. E nenhuma escapará.
É
evidente que a degradação económica e social, por si só, gera contestação, mas
tal não implica a capitulação política a que, de facto, assistimos das
instituições do regime – que parecem ter abdicado de proteger a sua gravitas. A questão das grades não é por
isso marginal. Se há uma manifestação e é preciso proteger o parlamento, coloquem-se
grades, mas no dia seguinte estas têm de ser retiradas e a dignidade
institucional da Assembleia da República reerguida. A política é também uma
disputa simbólica.
Tem
sido muitas vezes sublinhado, com inteira razão, que o nosso tecido social
tenderá a desfazer-se com a crise económica que temos vivido. Não sabemos
quanto tempo mais as nossas sociedades aguentam a austeridade. Mas, temo, os nossos
regimes políticos aguentarão ainda menos tempo se tivermos as instituições políticas
sitiadas."
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
De caras
“(...) a pairar por cima de tudo isto
continua a mesma incompreensão do Executivo em relação às exigências éticas
associadas à austeridade. Ninguém tinha dúvidas que o que nos esperava era
muito difícil, mas, também, um mínimo de bom senso bastava para se perceber que
todos os cuidados eram poucos para que a aplicação do memorando fosse politicamente
exequível. E também aqui o Governo deitou tudo a perder, delapidando o capital de
que agora necessita, desde logo para garantir a sua sobrevivência. Na última
edição do Expresso, uma fonte governamental afirmava, com uma ligeireza
chocante, “de caras, podemos cortar 50 mil funcionários
públicos”. Ou seja, para este Governo, tudo se resolve, de caras, acrescentando
desempregados aos desempregados, como se se estivessem a somar parcelas
abstractas numa folha de cálculo.
Esta
semana, enquanto acompanhava as eleições norte-americanas, regressei ao
impressionante memorial de Franklin D. Roosevelt. Ao percorrer, entre a pedra
austera, as presidências de FDR, reencontrei uma frase lapidar: “nenhum país,
por mais rico, pode permitir-se desperdiçar os seus recursos humanos. A
desmoralização provocada pelo desemprego em massa é a nossa maior extravagância.
Moralmente, é a maior ameaça à nossa ordem social”.
De
caras que esta era uma frase que devia ser afixada nos gabinetes de todos os
membros do Governo. Talvez depois fosse possível iniciar uma conversa.
o meu artigo do Expresso da semana passada pode ser lido aqui.
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