"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

padaoesilva@gmail.com

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Há vida para além do Benfica

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Faltam Três

A vitória contra o Rio Ave – em teoria o adversário mais difícil nestas últimas jornadas – não alterou tanto como se pode pensar a difícil caminhada do Benfica rumo ao título. Engana-se, por isso, quem pensava que este era o jogo decisivo. A deslocação a Vila do Conde era determinante apenas na medida em que em lugar de faltarem quatro vitórias, o Benfica passou a estar a três vitórias do 35.

Percebe-se a euforia dos adeptos e as celebrações dos jogadores, mas convém ter presente as tristes lições do passado. Há três anos, após uma vitória difícil na Madeira, frente ao Marítimo, o campeonato parecia reservado e tudo foi perdido num jogo em teoria fácil com o Estoril na Luz. Este ano o campeonato será disputado até à última jornada e não vale a pena alimentar ilusões. O Benfica dependerá apenas das suas vitórias para ser campeão, da mesma forma que o Sporting vencerá todos os confrontos que tem por disputar. Quando se aproximam as partidas decisivas, faz toda a diferença estar ainda em jogo alguma coisa importante. O Sporting tem tudo a perder no Dragão e o Porto nada a ganhar (a não ser uma vaga noção de honra). No sábado, Sporting e Porto estarão a disputar campeonatos diferentes. Essa pressão adicional favorece o Sporting. Pelo que o Benfica não deve ficar à espera de ajudas de terceiros.


A partir de agora, tão difícil como a preparação física e tática para os jogos que se seguem, é evitar alguma descompressão e contrariar a ideia de que o campeonato está garantido. O Benfica depende de si: para já, tem de ganhar ao Guimarães e não deve contar com um auxílio improvável do Porto.

publicado no Record

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Ser Benfiquista


Encostado ao muro, de perna fletida e sem bigode, o meu tio-avô, sobre o qual escrevi aqui. Este texto surpreendente (scroll down até 'construtor de catedrais') conta a história quase toda.

É só sorte?



A sorte é um fator claramente sobrevalorizado no caminho para o sucesso e, contas feitas, no fim, nem sequer protege os audazes. O Benfica, ontem, teve uma vitória sofrida frente ao Vitória e, se pensarmos na defesa final de Ederson, podemos mesmo dizer que foi bafejado pela sorte. Mas a verdade é que a sorte procura-se e, esta temporada, o Benfica não tem feito outra coisa.

É mais um daqueles casos em que os números não enganam e um bom indicador para avaliar o papel da sorte no futebol são os jogos que são decididos pela margem mínima. Nestes casos, sim, uma bola da equipa adversária que não entrou mas poderia ter entrado é capaz de ter feito a diferença.

Em trinta jornadas, o Benfica venceu sete jogos pela margem mínima; já o Sporting – o clube que, de acordo com Jorge Jesus, "tem ganho de forma convincente, enquanto os adversários têm ganho com sorte" – leva onze vitórias por um golo de diferença. Se acrescentarmos que muitos destes resultados foram alcançados no último minuto ou já nos descontos, estamos falados quanto a sorte.

Da mesma forma que é justo reconhecer que, aquando do início da temporada, o Benfica perdeu vários jogos e não foi por azar, também se deve reconhecer que a notável recuperação iniciada com a vitória fora em Braga (lá está, por 2-0) é fruto do trabalho que permitiu formar uma equipa coesa e com sentido coletivo. E, já agora, uma equipa que é espelho de um treinador que demonstra elevação e respeito pelo trabalho dos adversários.

publicado no Record na terça-feira

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Cinco Jogos


O rol de resultados do Porto nas várias modalidades, nas duas últimas semanas, não deve ter paralelos nas últimas décadas. Três derrotas consecutivas com o Benfica no andebol (modalidade em que o Glorioso não conquistava um título há quatro anos); eliminação das competições europeias pela Oliveirense no hóquei; derrota com o Galitos e depois com a Ovarense no basquetebol; culminando com a dupla jornada negra no futebol, frente ao Tondela e Paços de Ferreira.

Uma sequência de resultados assim não pode ser fortuita ou fruto do azar – uma bola que não entrou e podia ter entrado –, nem sequer atribuída a erros de arbitragem. Quando os exemplos são demasiados e contrastam com a senda vitoriosa do passado, as explicações têm de ser outras e só podem ter causas estruturais. De igual forma que a dinâmica de vitória do Benfica, que vai acumulando resultados positivos e conquista títulos em todas as modalidades, parafraseando Luís Filipe Vieira depois do jogo de Munique, "não pode ter nascido por acaso".

Não se pense, contudo, que verto lágrimas de crocodilo pelo Porto de Pinto da Costa. Penso mesmo que o que se está a passar é um caso de justiça poética (ou até dourada!). A questão é outra.

Há, neste momento, uma grande expectativa entre os benfiquistas: o Sporting perderá pontos no dragão e o título ficará à nossa mercê. Temo que não seja assim. O mais provável, hoje, é que o Porto perca tudo o que tem a perder. Com consequências. Para alcançar o 35, o Benfica depende apenas de si e tem cinco jogos para vencer.

publicado no Record

quinta-feira, 7 de abril de 2016

o outro lado


quarta-feira, 6 de abril de 2016

Regressar a casa




Jonas assiste com as costas e Pizzi marca. Peço desculpa, mas não me recordo de muitas assistências com as costas que tenham resultado em golo. Ainda assim, o momento do jogo não foi esse, mas o que se seguiu. Bola no fundo das redes, Jonas e Renato correm desenfreadamente a celebrar em direção à linha de fundo, para só depois se juntarem no lado oposto, em nova corrida, aos restantes colegas. A equipa festeja efusivamente, num movimento infantil, descoordenado, desprovido de rumo, como é próprio da felicidade absoluta. Sabem que mais? É aí que se encontra o segredo da senda vitoriosa do Benfica.

A inteligência subtil de Jonas é determinante, o pé-quente de Mitroglou ajuda, a titularidade de Renato deu metros verticais no centro do terreno e, num aspeto menos notado, Fejsa oferece o equilíbrio tático que faltava. Mas a génese do Benfica vitorioso tem as suas raízes noutro factor. Vislumbra-se em campo uma alegria selvagem (lá está, o efeito Renato) e um espírito de grupo como não se via no passado. O Benfica celebra os golos com uma satisfação incontida, enquanto a equipa se celebra a si própria.


No lançamento do jogo contra o Braga, Rui Vitória, comentando as longas digressões aéreas a que uma parte importante do plantel se tinha dedicado, dizia que lhe tinha agradado "ver a cara de bem estar dos jogadores ao regressar, como um regresso a casa. É sinal de que gostam de estar aqui". É nesta casa comum, onde jogadores e adeptos se reencontram, que o Benfica de hoje constrói uma maré vermelha que empurra a equipa para as vitórias.

publicado no Record de terça-feira

segunda-feira, 4 de abril de 2016

My own private Panama