"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

padaoesilva@gmail.com

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

John Barry Forever

Novo IP



até ao regresso do Verão, este blog passa a emitir desde aqui (ainda que com as habituais intermitências)

campanha tem de nascer duas vezes

"(...) Naquilo que é uma marca da liderança de José Sócrates no PS, assistiu-se mais uma vez à secundarização de eleições que não as legislativas. Aliás, num facto que deve ser motivo de reflexão, Sócrates venceu duas eleições legislativas e averbou várias derrotas eleitorais entre autárquicas, europeias e presidenciais. Este desinvestimento nas vários atos eleitorais tem sido um mecanismo de fragilização do exercício do poder executivo, cuja legitimidade e energia não radicam apenas nas eleições para o parlamento. A este propósito, o modo como o PS se deixou amarrar a uma candidatura contraditória com o posicionamento ideológico que escolheu nos últimos anos torna-se difícil de compreender. Não por acaso, assiste-se a um sentimento de orfandade política entre muito do eleitorado que votou PS e que se reviu na estratégia reformista seguida na segurança social, saúde e educação (para dar três exemplos de áreas onde, independentemente da avaliação substantiva que possamos fazer, Sócrates e Alegre não podiam estar mais distantes).
Alegre, que nas últimas presidenciais se revelou um candidato competitivo enquanto maverick e corpo estranho ao próprio sistema partidário, desta feita foi incapaz de gerir a evidente contradição da sua base de apoio. Pensar que era possível, numa primeira volta, fazer convergir as narrativas políticas do PS e do BE e mobilizar ambos os eleitorados revelou-se um lirismo sem adesão à realidade. Ao mesmo tempo que serviu para empurrar Alegre para uma campanha sem orientação estratégica. A entrada tardia, mas impetuosa, de alguns ministros na campanha, não só não terá contribuído para compensar o défice de mobilização (que tem de assentar num envolvimento prolongado), como serviu para expor o modo extemporâneo como o PS lidou com o seu candidato.(...)"

o resto do meu artigo publicado no Expresso da semana passada, pode ser lido aqui.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

"(...) Eram centenas e centenas, as verdades, e todas elas eram bonitas.
E então vieram as pessoas. Cada uma delas assim que aparecia agarrava uma das verdades e algumas que eram mais fortes apoderavam-se de uma dúzia delas.
Foram as verdades que tornaram as pessoas grotescas. O velho tinha uma teoria bastante elaborada a tal propósito. Era ideia dele que no momento em que uma pessoa tomava uma das verdades para si própria, chamando-lhe a sua verdade, e se esforçava por conduzir a sua vida de acordo com essa verdade, a pessoa tornava-se grotesca e a verdade que abraçava tornava-se numa mentira. (...)"
Sherwood Anderson, Winesburg, Ohio (se só lerem um livro nos próximos, vá lá, dois anos, leiam este)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Monstro Sagrado



O malato habilitou-se a levar um par de estalos do Senhor Mário Coluna.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Um Presidente mísero

Já tínhamos tido o "sisudo", o "bonacheirão" e o "piegas". Depois dos discursos de ontem, passamos a ter o "rancoroso".

sábado, 22 de janeiro de 2011

Olhem que chamo o FMI

"(...) mais uma vez, ficou exposta a natureza surreal do debate político português. É natural que as oposições procurem responsabilizar os governos pelos impactos nacionais da crise, mas em lado nenhum da Europa se assiste a uma discussão que não parta do pressuposto de que estamos perante um ataque ao euro, que começou nas periferias, e que se intensificou a partir do momento em que a Alemanha começou a hesitar nas garantias. No entanto, quem olhe apenas para Portugal, poderia convencer-se que as razões para as nossas dificuldades de financiamento resultam exclusivamente dos nossos erros.
Não há, contudo, prova mais acabada da natureza sistémica da crise do euro do que a diferença entre o que nos foi sendo dito aquando dos sucessivos resgates e o que acabou por suceder. Os apoios foram apresentados como uma forma eficaz de estancar a crise das dívidas soberanas. Está à vista que assim não foi: o efeito-dominó não tem parado. Agora somos nós que estamos sob pressão, mas, se viermos a ser resgatados, a pressão limitar-se-á a deslocar-se em direção a Espanha. Com uma agravante, como os casos grego e irlandês revelam: a diferença entre as taxas de juro nos mercados e dos empréstimos obtidos com a intervenção UE/FMI não é significativa. A Irlanda paga hoje 5,8%, quando Portugal se financiou a 6,7%. O que nos deixa uma certeza: com as políticas de austeridade vigentes na zona euro, o risco de incumprimento é uma realidade quer num país intervencionado quer num que vá mantendo uma ilusão de soberania. (...)"
o resto do meu texto publicado no Expresso da semana passada pode ser lido aqui.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

May the good Lord



May the good Lord shine a light on you,
Make every song (you sing) your favorite tune.
May the good Lord shine a light on you,
Warm like the evening sun.

(demorei uns vinte anos e tive de insistir muito para entrar nisto. não sei o que se terá passado. agora, resta-me agradecer ao vasco o empurrão definitivo, dado aqui há uns seis meses, para comprar o exile on main street - um disco que, aliás, eu já conhecia através do pastiche que os primal scream fizeram há quinze anos).

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A Anna Calvi que espere



Pitchfork: A few years ago, you told me in in an interview that the best indie-rock guitarist is not fit to carry strings for a B-list death metal dude.

John Darnielle: It remains true. Although I gotta say, Annie Clark from St. Vincent can shred. So can Kaki King. So there are people-- only women, that I know of-- who would be qualified to go work with death metal dudes at their level.

ler o resto, aqui.
e ouvir a Anna Calvi aqui.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Aprender com o caso Lewinsky

"(...) resta saber se há ganhos eleitorais quando se centram as disputas políticas em temas que remetem para o carácter dos candidatos, ao mesmo tempo que secundarizam a diferenciação política. Com as devidas ressalvas, o caso Lewinsky pode bem ser tomado como um exemplo para avaliar dos ganhos eleitorais das campanhas que, em última análise, visam avaliar caracteres.
A esse propósito, num notável artigo, "Monica Lewinsky's Contribution to Political Science", John Zaller chamava a atenção para alguns factos singelos. Desde logo, a popularidade de Clinton não foi afetada pelo escândalo: após um embate negativo, recuperou e acabou por superar a posição inicial. Depois, os eleitores são capazes de discernir além do que é sugerido nos media e os fatores que levam à formação do sentido de voto são relativamente independentes da agenda mediática. Finalmente, a substância política sobrepõe-se à política mediática. O que serve para recordar que, sendo importante que Cavaco esclareça a sua relação com o BPN, do mesmo modo que Sócrates deveria ter esclarecido prontamente a sua relação com a Universidade Independente, o tema será pouco relevante para as escolhas eleitorais no dia 23 de janeiro."
o resto do meu artigo publicado no Expresso de dia 8 de Janeiro pode ser lido aqui.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Depois de mim virá a quem o mesmo acontecerá

Quão iludido está quem com isto espera comprar a imunidade futura.

Há coisas que podiam ter aparecido entre o Caroline no e o hang on to your ego

Assassino ainda vá, agora paneleiro

Carlos Castro não me era indiferente. Pelo contrário, personalizava muitas coisas de que não gosto e que se tornaram muito populares (a histeria mundana; a vulgaridade mediática e a coscuvilhice de sarjeta promovida a jornalismo). Mas o modo condescendente como tem sido tratado o seu bárbaro assassinato, com reflexo nos media e nesse esgoto a céu aberto que são as caixas de comentários e os diversos fóruns, é um fiel retrato do país. Tudo o resto igual, estivéssemos perante um heterossexual sexagenário, castrado pela amante (modelo de vinte anos criada num programa de telelixo e devidamente insuflada), num quarto de hotel em Nova Iorque, ouviríamos um clamor generalizado contra uma “puta” que queria “subir na horizontal” e “sacar dinheiro ao velho”. Em lugar disso, temos o justificacionismo e uma família que, face a uma morte brutal, se tem ocupado em garantir que o filho não era homossexual – trazendo à memória Bernarda Alba quando garantia que a sua filha tinha morrido virgem. O que está em causa é apenas um homicídio particularmente violento e sem qualquer justificação, mas que, pelo caminho, nos revela até onde pode ir a homofobia privada do país, devidamente amplificada nos novos espaços públicos.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Can you beat Victoria Secret?

The Colbert ReportMon - Thurs 11:30pm / 10:30c
MeTunes - Grammy Vote - Dan Auerbach, Patrick Carney & Ezra Koenig<a>
www.colbertnation.com
Colbert Report Full EpisodesPolitical Humor & Satire Blog</a>Video Archive

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

As derradeiras surfadas

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Juízes em causa própria

"(...) estamos a assistir a sucessivas e paulatinas tentativas de usurpação das funções executivas e legislativas por parte do poder judicial. O mecanismo deste feita é claro: o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público apresenta uma queixa e quem vai julgar é, naturalmente, um juiz. Há bons motivos para estarmos preocupados, até porque o que move os juízes não é segredo.
No texto de apresentação do último congresso da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, a ambição não era escondida. Começando por constatar que "o poder judicial (...) corre o risco de se vir a assumir-se como verdadeiro poder", depois do "século XIX (ter sido) do poder legislativo e o século XX o do poder executivo", o sindicato dos juízes não hesita em assumir "anular medidas do poder executivo (...) como exemplo claro de um novo modo de exercício do judiciário". Tudo para culminar no que qualificam como "uma transferência de legitimidade dos poderes legislativo e executivo para o judicial", um processo cuja "visibilidade densifica a sua dimensão política".
Pode bem dar-se o caso da maioria dos magistrados não se rever nem nas atitudes, nem no pensamento estratégico das associações que os representam. Mas enquanto os tolerarem passivamente, temo bem dizê-lo, são coniventes com a pulsão hegemónica do poder judiciário. Podemos concordar ou discordar do PEC, da austeridade e do OE-2011, mas não é isso que está em causa. É, sim, saber se a função dos magistrados é substituírem-se a políticos eleitos. Uma ambição que os sindicatos dos magistrados não escondem."

o resto do meu texto publicado na edição do Expresso de 30 de dezembro de 2010 pode ser lido aqui.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

As lições de Monica Lewinsky

O Tiago diz aqui, com razão, que cada país tem o escândalo Lewinsky que merece. O que me recorda que talvez valha a pena voltar a olhar para as lições que o caso Lewinsky deu à ciência política. Talvez assim se possa antecipar um pouco do que vai acabar por acontecer com a centralidade que o BPN adquiriu na campanha presidencial.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Três tenores ao vivo em Los Angeles



e, a propósito, vale a pena ler esta conversa entre Caetano e Beck:
"I remember clearly the first time I heard somebody talk about you before I saw or heard your music. It was my ex-wife. She saw you on TV and she told me, “You’re going to like this.” It was some awards show I think. Like the Grammys or whatever. I don’t know. Something she saw on TV. I was recording and I came back home and she told me, “There’s this guy Beck. Don’t forget this name because you’re going to like him.” She was explaining to me the way you danced and moved and the suit you were wearing and you were very white! (laughs) She was very precise about that. “The fact that he’s so white is very important when he moves the way he does.” And I was curious so I saw you and I told her she was right. It was very revealing."
que continua aqui.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Imperdoável



Passou 2010 e isto passou por mim.

Um país crisófilo

"(...) Ao contrário do que nos foi sugerido ao longo de anos a fio no espaço público, há mudanças que fazem a diferença. O que nos obriga a introduzir racionalidade no debate público e a encontrar instrumentos para autonomamente identificarmos quais as políticas que respondem aos nossos défices estruturais, sob pena de estas se tornarem, nuns casos, invisíveis, noutros, serem destruídas às mãos das corporações. É que pode bem dar-se o caso de existirem muitas áreas onde as coisas estão a mudar sem que sejamos capazes de nos aperceber. (...)
O drama é que tudo é ofuscado por uma realidade que vive perdida numa tensão insuportável entre, por um lado, quem vê reformas profundas em todas as medidas governativas e, por outro, o totalitarismo do cinismo de quem acha que o país já está condenado. Para superarmos esta dicotomia temos de começar por reformatar o debate público e contrariar o que Alex Ellis classificou de 'crisofilia'. Em Portugal, é uma tarefa hercúlea."
o resto do meu artigo publicado no Expresso de 23 de dezembro de 2010, pode ser lido aqui.