Há músicas que descobrimos recentemente, outras que nos acompanham desde há muito e ainda outras que conhecemos desde sempre e que de algum modo fazem parte da banda sonora que nos foi imposta, em casa, na infância. Se um dia fizer uma compilação destas "músicas familiares", esta canção terá de fazer parte da lista. O Georges Moustaki morreu.
quinta-feira, 23 de maio de 2013
segunda-feira, 13 de maio de 2013
sexta-feira, 3 de maio de 2013
Tem dias
O Governo é um pouco como o
país, tem variações de espírito e um registo ciclotímico. No fundo, tem dias e
vai mudando o discurso ao sabor dos humores e sem que se vislumbre uma
estratégia estável. Nas últimas semanas, o Governo tem tido vários dias.
Depois de ter apresentado um
“memorando” para o crescimento, com direito a mais um dos vários Conselhos de
Ministros das últimas semanas, logo apresentou um Documento de Estratégia Orçamental
que reconhece, de facto, a irrelevância da própria estratégia para fomentar a
economia. Só assim se explica que o cenário macroeconómico do DEO não reflita as
medidas que, entusiasticamente, o próprio ministro da economia apresentou dias
antes. Se o Governo não leva a sério as suas próprias propostas, há alguma
razão para os portugueses o fazerem?
Também o que o Governo nos
diz sobre estratégia orçamental tem dias. Ao terceiro DEO, as previsões para
2013 do mui competente ministro das Finanças já variaram entre um crescimento
robusto de 1,2% para a atual recessão de 2,3%. Estamos perante uma variação de,
imagine-se, quase 300%. Se pensarmos também nos números para a dívida ou para o
desemprego, é caso para dizer que o que o Governo nos diz é meramente
indicativo e, como a realidade revelará, não deve mesmo ser levado a sério.
É por isso
inquietante que, neste contexto, o primeiro-ministro, fechado numa sala de
hotel com quatro dezenas de pessoas, apele à assinatura de um novo acordo de
concertação social envolvendo os parceiros sociais. Não apenas porque há um
acordo em vigor, que já foi violado pelo próprio Governo, (colocando a UGT numa
situação difícil), como já foram feitas revisões do memorando, com relevância
para o mundo sindical, sem que as confederações tenham sido ouvidas. Há alguma
razão para acreditarmos que, desta vez, será diferente?
Tanto não há que o
próprio Governo, depois de apostar no crescimento, regressou rapidamente à
austeridade sem limites e sexta-feira à noite apresentou as medidas que dão
corpo aos cortes que, primeiro, eram de 4.000 milhões e que, agora, já vão nos
6.000 milhões. Como bem sabemos, quando o exercício orçamental voltar a falhar,
o monstro austero exigirá novos cortes, desta feita, se tal é possível, ainda
mais violentos. E onde é que incidem os cortes? Nas pensões e nos salários dos
funcionários públicos.
Como resulta claro, o
Governo não está interessado em nenhuma estratégia negocial, procura apenas uma
caução póstuma dos parceiros sociais para a sua estratégia suicida. Um acordo
de concertação não é, afinal, mais do que um apelo para que os parceiros
sociais se juntem à espiral recessiva para a qual nos empurra o executivo
liderado por Vítor “não fui eleito coisíssima nenhuma” Gaspar. Não é, por isso,
irrelevante que as medidas anunciadas o tenham sido unilateralmente,
contrariando a natureza negociada das últimas reformas na segurança social. Não
está mal, para quem, dois dias antes, se declarava empenhado em promover a
concertação.
Na verdade, faz
sentido que o Governo tenha dias. Afinal, nem no interior do Conselho de
Ministros é possível chegar a acordo sobre o que quer que seja.
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