"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

padaoesilva@gmail.com

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Sagrado

 
 
"I've got limitations/Like Marvin Gaye"
 
Bill Callahan

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Still life


(em português técnico: ainda a vida)

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

um neo-kantiano



crítica da razão pura/prática explicada aos néscios

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A angústia do adepto



Há umas semanas, Miguel Esteves Cardoso escrevia, no Público, um artigo notável sobre a dificuldade que havia encontrado para saber a que hora se realizava o Benfica-Sporting de ... domingo. Depois de questionar vários benfiquistas, acabaria por encontrar a resposta definitiva quando perguntou ao irmão: este não só lhe disse que “claro que não sabia a hora”, como lhe adiantou que “nenhum benfiquista digno desse nome queria saber da hora”. Mais, acrescentou que “nenhum benfiquista deixaria de ir à Luz ou de ver o jogo e perguntou, com gentileza, ‘Ou tu julgas que um benfiquista quer saber a hora para ver se ainda dá para ir ao cinema?".
Eu não preciso de saber a que hora o Benfica joga para organizar as minhas semanas em torno de dois momentos: o último jogo do Benfica e o próximo jogo do Benfica. Se estas são as balizas do meu quotidiano, fui-me habituando, com dificuldade, a gerir as angústias do pós-jogo e do pré-jogo. Sei o que faço com as vitórias, mas sei também que não as saboreio o tempo suficiente, pois logo começo a sofrer com a ansiedade da próxima partida do glorioso. Já as derrotas, mesmo com o passar do anos, não sei que fazer delas.
Não só não desvalorizo uma partida perdida pelo Benfica, como não suporto que relativizem a importância do sucedido. Para mim, a questão tem a importância que tem – ou seja, muita – e só é ultrapassada com nova vitória e uma exibição redentora. Aliás, há derrotas que nunca ultrapasso. Gosto mais de olhar para elas como traumas insuperáveis, com os quais tenho de aprender a viver.
Pois, em quase 4 décadas de benfiquismo, nunca tinha sentido o que senti quando desci as escadarias do estádio no domingo. Um vazio existencial, um anticlímax, uma sensação que desconhecia: o Benfica não ganhou, nem empatou, nem perdeu. Foi uma outra coisa: um buraco na organização do meu quotidiano. Por uma vez, o Benfica não esteve lá à hora prevista.
Espero que hoje os nossos jogadores encontrem, neste vazio de adeptos como eu, uma responsabilidade acrescida e que, na vontade de o preencherem, tenham o suplemento de motivação para ganhar.

publicado, hoje de manhã, no Record.