quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
''I will be as harsh as truth and as uncompromising as justice. On this subject, I do not wish to speak, or think, or write with moderation. I am in earnest. I will not equivocate, I will not excuse, I will not retreat a single inch, and I will be heard."
William Lloyd Garrison, "To The Public" primeira edição do The Liberator, Janeiro 1831
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Para os pobres, os restos
"(...) Nas últimas semanas, primeiro, com mais uma campanha do Banco Alimentar contra a Fome e, depois, com a iniciativa "direito à alimentação", foi-nos revelado o esforço solidário que, de tempos a tempos, emerge em Portugal. Num país onde o Estado é, simultaneamente, visto como a raiz de todos os males e como o recurso a que todos, sem exceção, recorrem, há boas razões para se elogiar estas ações. Contudo, nada nos obriga a suspender o espírito crítico apenas porque estamos perante um esforço solidário da sociedade civil.
A questão não é tanto discutir a bondade intrínseca das iniciativas, é saber se são de facto eficazes para quebrarmos a espinha à pobreza. É que uma coisa é potenciarmos um conjunto de ações que visa aliviar as formas mais brutais de privação (como faz, e bem, o Banco Alimentar contra a Fome), outra, bem diferente, é intervir para que a pobreza não se reproduza geracionalmente e não se caracterize por ter uma inscrição social tão marcada.
É uma vergonha que, numa sociedade democrática, haja quem tenha fome; mas não é por combatermos a fome que combatemos a pobreza. E o problema é que é-nos frequentemente sugerido que as iniciativas da sociedade civil assentam numa estratégia de substituição do Estado. Ora estas iniciativas têm um carácter supletivo e só são eficazes se as políticas públicas contrariarem os fatores que causam o nosso padrão de desigualdades.
Nada contra que a sociedade civil se organize para combater a fome - ainda que distribuir restos de restaurantes e apresentar a iniciativa num casino tenha uma carga simbólica negativa -, mas não deixa de ser surpreendente que o consenso público em torno do assistencialismo alimentar coexista com uma incapacidade de consensualizar políticas redistributivas que aliviem a privação e políticas educativas que contrariem as assimetrias de origem social. Dá que pensar quando o Presidente da República oferece o seu patrocínio à distribuição de sobras de restaurantes e, ao mesmo tempo, o país discute o aumento do salário mínimo para 500 euros, tolera ataques demagógicos aos "malandros do rendimento mínimo" ou confunde massificação da escola pública com facilitismo. No fundo, permanecemos no exato lugar em que estávamos quando Ruy Belo escreveu: "é tão suave ter bons sentimentos/consola tanto a alma de quem os tem/que as boas ações são inesquecíveis momentos/e é um prazer fazer bem"."
o resto do meu artigo, publicado na edição do Expresso de 18 de Dezembro de 2010, pode ser lido aqui.
com um agradecimento especial ao zé luís que me enviou esta tira da Mafalda.
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Já que ninguém pergunta (agora os livros)
Em 2010 não li muitos livros escritos ou traduzidos em 2010. Aliás, nunca percebi bem a dinâmica das listas de livros do ano, quando comparada com a dos discos ou filmes do ano. Ando sempre atrasado nas leituras e, este ano, li óptimos livros escritos há demasiado tempo. Pouco importa. Mais do que as listas de discos, as listas de livros têm apenas um propósito: convencer os outros a lerem os livros que gostámos de ler. Pensando bem, o propósito é outro: convencer os outros a lerem os livros que gostávamos de ter escrito. Se os discos de que gostamos dizem alguma coisa sobre nós, a asserção é ainda mais válida para os livros. Os dois livros de que gostei mais este ano, até podem não ser os dois melhores livros que li este ano, mas são dois livros que eu, caso tivesse alguma inclinação ou engenho, gostaria de ter escrito. Pensando bem, têm traços em comum: são totalmente desprovidos de artifícios, escritos num estilo conciso e nunca caem na tentação de justificar ou explicar. Pensando melhor, são sobre o mesmo tema.
>
P.S.
Vai chegar o dia em que lerei um livro publicado pela Ahab que não será excelente. Esse dia ainda não chegou. José Rentes de Carvalho tem também um blog que é um erro não ser lido.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
A democracia capturada
"(...) A generosidade dos caciques que pagam quotas produz vários efeitos. Enquanto fecha os partidos à entrada de novos militantes, reproduz lógicas perversas de poder interno. Por um lado, a perpetuação de uma determinada estrutura de poder é mais fácil de sustentar se não existirem novos militantes; por outro, quem paga quotas vence eleições e quem vence eleições passa a ter mais recursos para, depois, pagar mais quotas.
Perante isto, as direções partidárias tendem a defender que o problema existe a um nível local, mas depois as estruturas nacionais vão encontrando formas de compensar estas disfuncionalidades. É isso que explica que as lideranças, quando confrontadas com a questão, reajam com condescendência - ao ponto do líder da federação do Porto afirmar à "Sábado" que "as quotas são um problema individual de cada militante". Infelizmente, não é assim, são um problema coletivo, que mina a democracia na base e que não deve ser tolerado. Se nada mais, porque o sinal dado é claro: se os partidos não são capazes nem de basear os seus mecanismos de poder interno no cumprimento da lei, nem de torná-los verdadeiramente pluralistas, não há razão para acreditarmos que, uma vez no governo, serão capazes de o fazer no Estado."
o resto do meu artigo publicado na edição do Expresso de 11 de dezembro de 2010 e escrito a propósito disto, pode ser lido aqui
Perante isto, as direções partidárias tendem a defender que o problema existe a um nível local, mas depois as estruturas nacionais vão encontrando formas de compensar estas disfuncionalidades. É isso que explica que as lideranças, quando confrontadas com a questão, reajam com condescendência - ao ponto do líder da federação do Porto afirmar à "Sábado" que "as quotas são um problema individual de cada militante". Infelizmente, não é assim, são um problema coletivo, que mina a democracia na base e que não deve ser tolerado. Se nada mais, porque o sinal dado é claro: se os partidos não são capazes nem de basear os seus mecanismos de poder interno no cumprimento da lei, nem de torná-los verdadeiramente pluralistas, não há razão para acreditarmos que, uma vez no governo, serão capazes de o fazer no Estado."
o resto do meu artigo publicado na edição do Expresso de 11 de dezembro de 2010 e escrito a propósito disto, pode ser lido aqui
Um texto que um português seria incapaz de escrever
Entre muitas outras qualidades, o Alex Ellis, que por estes dias deixará de ser embaixador do Reino Unido em Portugal, revela uma qualidade que se tem tornada rara por cá: contraria a "crisofilia" lusa. O texto que escreveu este fds no Expresso e que já se pode ler aqui é exemplar.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Jornalismo lelé da cuca
assim em jeito preemptive, para que não haja segundas interpretações, e muito resumidamente (tenho de voltar ao trabalho), o que penso sobre os dois assuntos que marcam as notícias do dia é o seguinte: a) a eventual passagem por Portugal de voos não autorizados para (sublinho o para) Guantánamo é muito grave e se tiver de facto existido algum procedimento menos claro e alguma participação deste ou de anteriores governos em actos ilegais, é motivo suficiente para a demissão do governo. b) o pacote de medidas ontem apresentados, designadamente na componente de indemnizações compensatórias de despedimento não terá grande efeito para combater a crise que hoje enfrentamos. dito isto, estava a ler o público de hoje e nem sei o que dizer.
em primeiro lugar a manchete, em letras garrafais lemos: "cortes nas indemnizações não vão ter grandes efeitos no combate à crise". ou seja, o Público torna uma opinião, aliás ouviu dois advogados dois, não apenas em notícia, mas em manchete. Parece-me um bom caminho para o jornalismo. Não sei mesmo se o melhor não seria tornar os jornais aglomerados de opiniões e acabar de vez com as notícias. Se calhar já é isso que acontece e não fomos avisados.
depois, o mais surpreendente. em mais uma notícia mal amanhada com base nos cables da WikiLeaks, e em dois parágrafos quase seguidos, o Público consegue escrever, primeiro, "Sócrates aceitou permitir o repatriamento de combatentes inimigos de Guantánamo através da base das Lajes", escreve em telegrama de 7 de Setembro de 2007 o chefe da representação diplomática dos EUA em Lisboa, Alfred Hoffman.", para logo depois escrever, "alguns meses depois, questionado no Parlamento por Francisco Louçã sobre se o Governo autorizara ou tivera conhecimento "de qualquer transporte de prisioneiros da CIA por território português para o gulag de Guantánamo", assegurou: "Consultei todos os membros do Governo com responsabilidades neste domínio e devo dizer que o Governo nunca foi consultado sobre essa possibilidade nem nunca autorizou [o sobrevoo do espaço aéreo ou a aterragem na base das Lajes de aviões destinados ao transporte ou transferência de prisioneiros]. Posso responder-lhe em nome deste Governo que nunca aconteceu termos sido consultados e termos autorizado. Estes dois actos nunca existiram."
não sei se estão a ver, mas os dois parágrafos falam de coisas diferentes, enquanto se sugere que se está a falar da mesma coisa.
vou mesmo é trabalhar.
em primeiro lugar a manchete, em letras garrafais lemos: "cortes nas indemnizações não vão ter grandes efeitos no combate à crise". ou seja, o Público torna uma opinião, aliás ouviu dois advogados dois, não apenas em notícia, mas em manchete. Parece-me um bom caminho para o jornalismo. Não sei mesmo se o melhor não seria tornar os jornais aglomerados de opiniões e acabar de vez com as notícias. Se calhar já é isso que acontece e não fomos avisados.
depois, o mais surpreendente. em mais uma notícia mal amanhada com base nos cables da WikiLeaks, e em dois parágrafos quase seguidos, o Público consegue escrever, primeiro, "Sócrates aceitou permitir o repatriamento de combatentes inimigos de Guantánamo através da base das Lajes", escreve em telegrama de 7 de Setembro de 2007 o chefe da representação diplomática dos EUA em Lisboa, Alfred Hoffman.", para logo depois escrever, "alguns meses depois, questionado no Parlamento por Francisco Louçã sobre se o Governo autorizara ou tivera conhecimento "de qualquer transporte de prisioneiros da CIA por território português para o gulag de Guantánamo", assegurou: "Consultei todos os membros do Governo com responsabilidades neste domínio e devo dizer que o Governo nunca foi consultado sobre essa possibilidade nem nunca autorizou [o sobrevoo do espaço aéreo ou a aterragem na base das Lajes de aviões destinados ao transporte ou transferência de prisioneiros]. Posso responder-lhe em nome deste Governo que nunca aconteceu termos sido consultados e termos autorizado. Estes dois actos nunca existiram."
não sei se estão a ver, mas os dois parágrafos falam de coisas diferentes, enquanto se sugere que se está a falar da mesma coisa.
vou mesmo é trabalhar.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Now we're talking politics
(com a devida vénia ao francisco mendes da silva, um já velho amigo que, do outro lado da barricada política, conheci por causa do nowhere dos ride)
O maior escritor de surf do mundo
A escrita é o prolongamento da vida por outros meios. Apesar disso, sabemos quem é o melhor surfista do mundo, mas nunca discutimos quem melhor escreve sobre surf. A questão é igualmente importante. Temos as fotografias, os vídeos e os relatos orais, mas só na palavra escrita conseguimos de facto encontrar uma continuação da experiência de surfar uma onda, com todas as suas sensações e matizes. Só no surf escrito conseguimos com detalhe isolar os traços mais marcantes do surf surfado. Ainda assim, escreve-se pouco sobre surf e ainda menos sobre surf em português. Mas, se me perguntarem quem é o melhor escritor de surf do mundo, eu não hesito na resposta. É mulher, é portuguesa e nunca escreveu sobre surf. Mais, se alguma vez reparou num de nós, de prancha no mar, é coisa que infelizmente nunca saberemos.
José Tolentino Mendonça, numa entrevista recente à LER, sugeria que a poesia, depois de escrita, é apropriada por quem a lê. Ganha uma vida nova, tem uma consciência superior, inclusive, à do próprio autor. Eu, sempre que leio os textos de Sophia de Mello Breyner Andresen, tenho essa exacta noção. Aqueles poemas logo se libertam do mar parado da Grécia, da calmaria tranquilizadora e do seu calor límpido, vindo de um jardim inicial. Aproprio-me deles: é o mundo do surf que neles entrevejo e não hesito em dizer que nunca ninguém escreveu sobre surf assim. Sophia sabia do que falava quando escreveu que “o poema sabe mais do que o poeta”. Os seus poemas sabem mais sobre surf do que Sophia podia algum dia ter imaginado.
A ideia já me perseguia, mas tive a certeza que havia em Sophia alguém que escrevia como ninguém sobre o nosso mundo ao ler um assombroso texto de Maria Velho da Costa, sua amiga, em “Evocação de Sophia”. “Sophie en rose”, assim se chama o curto relato de um banho de mar onde o Atlântico se mescla com o Mediterrâneo. Quem escreve é Maria Velho da Costa, mas o que lemos é a paixão de Sophia pelo mar: “poucas coisas são tão alegres como o egoísmo de duas crianças síntonas no seu brinquedo, que era o mar”. A alegria absoluta e infantil é o traço mais marcante do surf e ninguém, como Sophia, olha para esse passado com uma luz cristalina mas marcada a mar. O mar é a sua biografia poética, do mesmo modo que é a nossa.
Percorramos a antologia Mar, onde se juntam os seus poemas que têm o elemento marítimo como referência e neles nos descobrimos, surfistas.
Os nossos temas mais marcantes estão todos lá: a presença obsessiva do mar (“Mar, metade da minha alma é feita de maresia”); o espaço dos encontros connosco mesmos (“As ondas quebravam uma a uma/Eu estava só com a areia e com a espuma/Do mar que cantava só para mim”); um território do mundo mas também manifestação do sagrado (“Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim/(...) Que momentos há em que eu suponho/Seres um milagre criado só para mim”); uma exaltação da liberdade absoluta (“Aqui nesta praia onde/Não há nenhum vestígio de impureza,/Aqui onde há somente/Ondas tombando ininterruptamente/Puro espaço e lúcida unidade,/Aqui o tempo apaixonadamente/Encontra a própria liberdade”); o lugar de contemplação (“Foi no mar que aprendi o gosto da forma bela”); e a recondução a um lugar de origem (“O cântico da longa vasta praia/Atlântica e sagrada/Onde para sempre a minha alma foi criada”).
Não tenho dúvidas, o melhor livro sobre surf alguma vez escrito é a Antologia temática de Sophia, dedicada ao Mar. Nestes textos encontramos uma dicção exacta, que nos guia com uma desarmante simplicidade através do mar, das ondas, das praias e que nos permite elevar os nossos olhares sobre o mundo e a experiência do surf. Nunca nenhuma voz conseguiu, de modo tão preciso, combinar o dramatismo próprio da experiência marítima com um olhar branco e imaculado sobre a satisfação absoluta que dela resulta.
Gosto de pensar que nós, surfistas, somos todos concretizações materiais da experiência abstracta descrita por Sophia. Não por acaso, a sua inscrição final é a que, de algum modo, todos os surfistas têm tatuada no espírito: “quando eu morrer voltarei para buscar/Os instantes que não vivi junto do mar”. É essa a nossa secreta ambição, um dia voltarmos para viver todos os momentos em que não pudemos surfar ondas. Uma forma que encontrámos para compensar os pequenos demónios quotidianos.
publicado na coluna 'Sal na Terra' da SurfPortugal de Julho e republicado aqui, no dia em que é apresentada a antologia poética de Sophia de Mello Breyner Andresen.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
sábado, 11 de dezembro de 2010
O Euro fim
"Estamos a assistir ao desenrolar da história europeia, mesmo diante dos nossos olhos, agora como tragédia. A recomendação do eurogrupo para Portugal fazer reformas estruturais, designadamente no seu mercado de trabalho, é mais um passo no delírio político europeu. É uma intromissão (sem cobertura nos tratados) politicamente errada (em contexto recessivo esta não deveria ser a prioridade da zona euro) e socialmente iníqua (precisamos de reformar o mercado de trabalho, mas não no sentido sugerido). Acima de tudo, é reveladora do precipício para o qual caminhamos e que pode bem destruir o euro e décadas de laboriosa integração europeia.
(...) As recomendações a Portugal, em linha com o imposto à Irlanda, revelam que a maioria política que domina o conselho não percebeu a natureza da crise. Tudo aponta para que a Europa esteja empenhada em fazer com que a economia, não tendo morrido da doença (a crise que nasceu no sistema financeiro), morra da cura. Só assim se compreende que, perante a falência do modelo irlandês, todo ele fundado no desenraizamento social das instituições que gerem a economia (do mercado de trabalho ao sistema financeiro), a Europa obrigue a Irlanda a liberalizar ainda mais. No fundo, estamos face a uma posição semelhante à dos comunistas ortodoxos que insistem que o socialismo real falhou porque não foi verdadeiramente adotado. Trata-se, apenas, de uma aspiração ideológica, contrária às evidências empíricas.
Portugal precisa de modernizar o seu mercado de trabalho. Mas não será por aí que sairemos da situação em que nos encontramos e o que a Europa sugere não é a reforma necessária. A ladainha da excessiva rigidez da nossa regulação laboral esconde várias realidades: a proteção legal foi um contraponto a um sistema de proteção social pouco eficaz e à ausência de mecanismos de autorregulação; a nossa legislação já não é tão rígida como se quer fazer crer; e, no que é a dimensão mais relevante, a rigidez formal coexiste com flexibilidade de facto, o que nos torna um dos países europeus com maior precariedade. O PPE que domina a Europa quer, e muita gente por cá, flexibilizar o despedimento. Muito bem, avancemos nesse sentido, mas, para o fazermos, temos de enfrentar simultaneamente a precariedade. Logo, acabemos também com todas as formas de subcontratação (por exemplo, pondo fim aos recibos verdes) e tornemos o acesso ao subsídio de desemprego mais fácil (reduzindo o número de dias de trabalho necessário para ter direito à prestação)."
o resto do meu artigo publicado na edição do Expresso de 4 de dezembro de 2010 pode ser lido aqui.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Homens de todo o mundo, uni-vos
acho lamentável muito do que tem sido feito pela wikileaks (se tivesse tempo, explicava a parte que não acho lamentável); e acho lamentável a resposta que tem sido dada à wikileaks (desde logo pelos EUA, como escreveria o maradona, depois explico). mas, no meio de tudo isto, fico sem palavras quando se torna possível alguém ser acusado de violação por um preservativo se ter rompido. até porque já vimos todos demasiadas vezes esta história: acções políticas contra os EUA acabam por ter como resposta acusações por crimes sexuais.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Já que ninguém pergunta
E os 10 melhores discos do ano foram:
The National - High Violet
Deerhunter – Halcyon Digest
The Walkmen - Lisbon
Titus Andronicus - The Monitor
Beach House - Teen Dream
Twin Shadow - Forget
Spoon – Transference
LCD Soundsystem – This Is Happening
Extra Lens - Undercard
The Roots – How I Got Over
(sendo que ainda não ouvi o Kanye integralmente)
canção do ano que não está num dos discos do ano: Avi Buffalo - what's in it for you?
maior desilusão do ano: Arcade Fire (logo seguidos de Belle & Sebastian);
por mais que tente não gosto do ano: Black Keys
reedição do ano: Galaxie 500 - On Fire
concerto do ano: National+Pavement (Paris) e Divine Comedy (Lisboa)
moral da lista: só há um estreante (Twin Shadow). o que quer dizer uma de duas coisas: ou não apareceu nada de novo entusiasmante ou eu já não me entusiasmo com nada de novo.
The National - High Violet
Deerhunter – Halcyon Digest
The Walkmen - Lisbon
Titus Andronicus - The Monitor
Beach House - Teen Dream
Twin Shadow - Forget
Spoon – Transference
LCD Soundsystem – This Is Happening
Extra Lens - Undercard
The Roots – How I Got Over
(sendo que ainda não ouvi o Kanye integralmente)
canção do ano que não está num dos discos do ano: Avi Buffalo - what's in it for you?
maior desilusão do ano: Arcade Fire (logo seguidos de Belle & Sebastian);
por mais que tente não gosto do ano: Black Keys
reedição do ano: Galaxie 500 - On Fire
concerto do ano: National+Pavement (Paris) e Divine Comedy (Lisboa)
moral da lista: só há um estreante (Twin Shadow). o que quer dizer uma de duas coisas: ou não apareceu nada de novo entusiasmante ou eu já não me entusiasmo com nada de novo.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Uma Greve Reveladora
"(...) Uma greve geral de base nacional, hoje, só serve para expor a ineficácia das formas de representação política tradicionais. Há uma enorme descoincidência entre o nível a que continua a ser feita a mobilização (nacional) e o nível das decisões políticas (no mínimo, europeu). Esta descoincidência tem um efeito desmobilizador e revela como esta crise é destruidora económica e socialmente, mas tem também um efeito devastador para os mecanismos de representação. O movimento sindical continua a ter capacidade de resistência, mas revela também impotência para mudar as políticas.
A situação em Portugal será particularmente delicada: sem poder recorrer ao capital que decorre de uma tradição negocial enraizada, restará a memória da contestação política contra os Governos, numa altura em que o poder de decisão já não está nas suas mãos. Quando era necessária uma verdadeira internacionalização das formas de mobilização política, é-nos oferecido um movimento sindical preso às suas idiossincrasias nacionais e que opera num quadro que já não existe. É triste, mas a revelação desta tendência será o principal legado desta greve."
o resto do meu artigo, publicado na edição do Expresso de 27 de novembro de 2010, pode ser lido aqui.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Old Albion
"I'd prefer the plague to the Eton rifles"
Paul Weller (circa 1979)
"David Cameron, stop saying that you like The Smiths, no you don't. I forbid you to like it."
Johnny Marr, (circa 2010) no twitter.
Paul Weller (circa 1979)
"David Cameron, stop saying that you like The Smiths, no you don't. I forbid you to like it."
Johnny Marr, (circa 2010) no twitter.
Ainda a vaca fria
Vale bem a pena ler este artigo de Joschka Fischer. Afinal os políticos alemães não desistiram todos de pensar na Europa.
Este é o corolário do artigo, mas não é certamente o mais importante.
"(...)Any eurozone political leader whose primary consideration now is re-election will face certain failure by meeting this historical challenge. But European priorities have to be the primary concern in this crisis – even at the price of losing office. On the other hand, taking this historic initiative would, relative to fainthearted tactical maneuvering, substantially increase politicians’ chances of re-election later.
But Europe has no shortage of politicians. What is urgently required now are genuine statesmen and stateswomen."
Este é o corolário do artigo, mas não é certamente o mais importante.
"(...)Any eurozone political leader whose primary consideration now is re-election will face certain failure by meeting this historical challenge. But European priorities have to be the primary concern in this crisis – even at the price of losing office. On the other hand, taking this historic initiative would, relative to fainthearted tactical maneuvering, substantially increase politicians’ chances of re-election later.
But Europe has no shortage of politicians. What is urgently required now are genuine statesmen and stateswomen."
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Já esta é excelente, vá lá, superlativamente excelente
Há uma grande discussão para apurar se esta música é melhor cantada pela Jill Scott (tenho de reouvir um velhinho disco dela de que gosto muito), que a escreveu com os Roots mas não a gravou - os mais pacientes podem espreitar aqui - ou se, pelo contrário, esta versão, a mais popular, cantada com a Erykah Badu é superior. Eu não hesito e voto pela contenção. E esta versão, de 1999, revela uma Erykah Badu incrivelmente skinny, bem diferente da de hoje.
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