"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

padaoesilva@gmail.com

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Airports and broken hearts you see,

Aqui há uns tempos tropecei numa música. Parecia-me que o Leonard Cohen tinha, por momentos, despertado de um longo sonho tropical para nos contar os desamores de que tomamos consciência em esperas demoradas em aeroportos. O nome do cantor não podia ser mais desconcertante: Walter Benjamin. Para quem, naquela canção em concreto, cantava sobre a consciência das perdas em viagem, até fazia sentido - tendo em conta que Walter Benjamin, o outro, se suicidou a caminho de Portugal, quando tentava fugir para os EUA, e foi obrigado a regressar à alemanha nazi. Depois, descobri que por detrás de Walter Benjamin se escondia um português radicado em Londres, Luís Nunes, e logo esqueci o pessimismo antropológico ao qual não conseguimos escapar quando nos recordamos da vida e do mundo de Walter Benjamin. Quando, por fim, ouvi na íntegra "The Imaginary Life of Rosemary and Me" tive a certeza que é possível sermos resgatados pelas canções. O disco é curto, pouco mais de 25 minutos para 8 canções, e, desde que o tenho, escuto-o em loop contínuo. Há, na simplicidade destas 8 canções, mesmo que cantadas em inglês, uma espécie de eco longínquo de "um país de bondade e de bruma", que parece encontrar raízes num imaginário doméstico, de onde partem todas as esperanças. Como canta Walter Benjamin a encerrar o disco: "your tiny dances should rule the outside world". É mesmo isso.

também publicado aqui, onde tenho estado bem mais activo.