O problema do Benfica na Supertaça não foi tanto o
resultado, mas os sinais dados pela exibição - as estatísticas, aliás, não
enganam (38 ataques para o Sporting e apenas 18 para o Benfica). A equipa
revelou que estava numa terra de ninguém: já não se exibiu com as ideias de
Jorge Jesus e não foi capaz de apresentar um sistema alternativo ou, pelo
menos, complementar. O Benfica já não é o de Jesus, mas está bem longe de ser o
que Rui Vitória idealizou.
E aqui reside a questão central. Vitória já verbalizou
o que pretende para a equipa, mas não se têm vislumbrado esses princípios de
jogo na forma como o Benfica se tem apresentado em campo. Não se tem visto uma
equipa capaz de controlar o jogo com bola (a principal lacuna da era Jesus),
nem uma equipa com uma organização ofensiva mais pausada, ajudando com isso as
transições defensivas. O Benfica perdeu o que de bom tinha com Jesus e, até
ver, não ganhou o que Rui Vitória anunciou.
Há, contudo, uma frase a ecoar por cima de tudo isto.
Na apresentação do novo treinador, Luís Filipe Vieira garantiu, "Rui
Vitória vai ter as mesmas condições que outros tiveram". Ora isto implica
ter jogadores de qualidade e jogadores que façam sentido para o novo sistema de
jogo. Até ver, ainda não é claro qual é o sistema, mas continuam a faltar, pelo
menos, dois jogadores para entrar no onze titular (um ala e um lateral
esquerdo). Mas, como espero ver no domingo, bastará acrescentar a dinâmica e a
intensidade que estiveram ausentes no Algarve para tudo começar a mudar.
publicado no Record de terça-feira