O João Gonçalves, um dos maiores
benfiquistas que conheço (e sei de uns quantos), tem contado no seu blog, Red Pass, uma ida a Oliveira de Azeméis
para ir ver o Hóquei. Uma viagem como dezenas de outras. Não fora entre os
camaradas de viagem de carro ir um jovem jogador do Vitória, que alimentava
sonhos desmesurados de benfiquismo. A viagem foi no ano passado e, então,
poucos acreditariam que, meses depois, o André Horta estivesse de águia ao
peito, a titular na posição que era do Renato.
O André Horta é o paradigma do
jogador adepto, mas, dentro dessa categoria, está um nível acima. É o jogador
adepto de pavilhão: o lugar onde se encontram aqueles para quem o clube não se
cinge ao futebol.
Há quem sonhe com uma equipa do
Benfica que é uma seleção de adeptos. Pelo contrário, quero um Benfica formado
pelos melhores, independentemente da preferência clubística ou nacionalidade.
Como adepto, imagino que seja também esse o desejo do André Horta. Vencer: em
todos os campos e em todos os pavilhões, com os melhores a vestirem a camisola
do Glorioso.
Mas quero também que o clube forme
jogadores que possam sonhar com um lugar na primeira equipa. Um Benfica em que
um miúdo como o Horta, que vi numa foto como apanha bolas, há perto de uma
década, saiba que um dia pode mesmo jogar na Luz. É essa a grande diferença do
Benfica de hoje. Um clube que se habituou a ganhar (9 títulos nos últimos 12
disputados) e que, ao contrário do passado recente, deu ao Renato, ao Guedes e ao
Horta as oportunidades que o Bernardo Silva não teve.
publicado no Record de 9 de agosto