segunda-feira, 26 de novembro de 2012
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
A política sitiada
"(...) Para
quem valoriza a democracia representativa e vê na Assembleia da República a
instituição soberana e o melhor dos garantes do bom funcionamento de um regime
assente nas liberdades, naturalmente que o cerco montado ao Parlamento, que
culminou nesta semana em ataques despóticos, à pedrada, só pode ser visto com
muita preocupação. Mais, a escolha sistemática da Assembleia da República como
lugar de convergência de manifestações (algo que não acontecia em Portugal)
devolve-nos a um passado de turbulência institucional de má memória.
a versão integral do meu artigo do Expresso de 17 de Novembro pode ser lida aqui.
Estamos,
contudo, perante um caso em que o poder político, em lugar de contrariar a
tendência para o enclausuramento, optou por se entrincheirar, dando sinais de
fragilidade que funcionam como incentivos para que o descontentamento se
dirija, de forma cada vez mais intensa e violenta, às instituições da
democracia representativa. E nenhuma escapará.
É
evidente que a degradação económica e social, por si só, gera contestação, mas
tal não implica a capitulação política a que, de facto, assistimos das
instituições do regime – que parecem ter abdicado de proteger a sua gravitas. A questão das grades não é por
isso marginal. Se há uma manifestação e é preciso proteger o parlamento, coloquem-se
grades, mas no dia seguinte estas têm de ser retiradas e a dignidade
institucional da Assembleia da República reerguida. A política é também uma
disputa simbólica.
Tem
sido muitas vezes sublinhado, com inteira razão, que o nosso tecido social
tenderá a desfazer-se com a crise económica que temos vivido. Não sabemos
quanto tempo mais as nossas sociedades aguentam a austeridade. Mas, temo, os nossos
regimes políticos aguentarão ainda menos tempo se tivermos as instituições políticas
sitiadas."
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
De caras
“(...) a pairar por cima de tudo isto
continua a mesma incompreensão do Executivo em relação às exigências éticas
associadas à austeridade. Ninguém tinha dúvidas que o que nos esperava era
muito difícil, mas, também, um mínimo de bom senso bastava para se perceber que
todos os cuidados eram poucos para que a aplicação do memorando fosse politicamente
exequível. E também aqui o Governo deitou tudo a perder, delapidando o capital de
que agora necessita, desde logo para garantir a sua sobrevivência. Na última
edição do Expresso, uma fonte governamental afirmava, com uma ligeireza
chocante, “de caras, podemos cortar 50 mil funcionários
públicos”. Ou seja, para este Governo, tudo se resolve, de caras, acrescentando
desempregados aos desempregados, como se se estivessem a somar parcelas
abstractas numa folha de cálculo.
Esta
semana, enquanto acompanhava as eleições norte-americanas, regressei ao
impressionante memorial de Franklin D. Roosevelt. Ao percorrer, entre a pedra
austera, as presidências de FDR, reencontrei uma frase lapidar: “nenhum país,
por mais rico, pode permitir-se desperdiçar os seus recursos humanos. A
desmoralização provocada pelo desemprego em massa é a nossa maior extravagância.
Moralmente, é a maior ameaça à nossa ordem social”.
De
caras que esta era uma frase que devia ser afixada nos gabinetes de todos os
membros do Governo. Talvez depois fosse possível iniciar uma conversa.
o meu artigo do Expresso da semana passada pode ser lido aqui.
Sob a influência
Uns tipos que me ajudaram a começar a ouvir outras músicas, aqui há uns 25 anos atrás - com a ajuda inestimável da Margo - e que estão a envelhecer com muita dignidade. Devo-lhes o Townes Van Zandt, o Neil Young e o caminho que me levou ao Johnny Cash. Não é coisa pouca. Depois, há aquela frase do Nelson Motta a propósito do Chico, que sugere que "as nossas mulheres só estão connosco porque o Chico não quis nada com elas". Pois, pode bem ser refraseada com a Margo - que, mostrando toda o seu bom gosto, ao longo das últimas duas décadas, sempre avisou o marido que só estava com ele porque o Bruce não queria nada com ela. O concerto no Sábado foi arrebatador.
Espero não deixar apagar da memória a versão do powderfinger, por exemplo ouvindo esta (alguns furos abaixo)
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Léxico Familiar ou Mountain Goats na Zona de Conforto
o pretexto é o lançamento de Transcendental Youth, mas podia bem arranjar-se um outro qualquer. Hoje, entre as 23 e a meia-noite, na Zona de Conforto na TSF, dedicarei perto de uma hora exclusivamente à banda de John Darnielle. Como se perceberá, é pouco tempo.
(derivado ao jogo do Glorioso em Moreira de Cónegos, a zona de conforto hoje, excepcionalmente, vai para o ar depois da meia-noite)
Alinhamento (para ouvir aqui)
Harlem Roulette 3:23 The
Mountain Goats Transcendental Youth
This Year 3:53 The
Mountain Goats The Sunset Tree
No Children 2:46 The
Mountain Goats Tallahassee
Woke Up New 3:26 The
Mountain Goats Get Lonely
Love Love Love 2:49 The
Mountain Goats The Sunset Tree
Cotton 3:26 The
Mountain Goats We Shall All Be Healed
Romans 10:9 4:46 The
Mountain Goats The Life Of The World To
Come
Heretic Pride 3:34 The
Mountain Goats Heretic Pride
Never Quite Free 3:30 The
Mountain Goats All Eternals Deck
Cry For Judas 3:13 The Mountain Goats Transcendental Youth
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Clivagens: nós e eles
O mundo podia bem dividir-se entre aqueles que têm condições objectivas para tirar uma fotografia com a capa daquele disco em vinil debaixo do braço e os outros.
terça-feira, 13 de novembro de 2012
O livro das desilusões
Do you still have the desire to write?
No. Anyway, I have no intention of writing in the next ten years. To tell the truth, I’m finished.
daqui.
sábado, 10 de novembro de 2012
Uma luta desigual
Há muito quem diga que, no final da campanha, a participação activa de Bill Clinton foi o empurrão que faltava a Obama para chegar confortavelmente à vitória. Posso testemunhar a importância de Clinton e o seu carisma inegável, mas, tenho para mim, que o que fez mesmo a diferença foi um ticket que nos últimos dias foi, de facto, a três: Obama/Clinton/Springsteen.
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
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