"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

De caras




“(...) a pairar por cima de tudo isto continua a mesma incompreensão do Executivo em relação às exigências éticas associadas à austeridade. Ninguém tinha dúvidas que o que nos esperava era muito difícil, mas, também, um mínimo de bom senso bastava para se perceber que todos os cuidados eram poucos para que a aplicação do memorando fosse politicamente exequível. E também aqui o Governo deitou tudo a perder, delapidando o capital de que agora necessita, desde logo para garantir a sua sobrevivência. Na última edição do Expresso, uma fonte governamental afirmava, com uma ligeireza chocante, de caras, podemos cortar 50 mil funcionários públicos”. Ou seja, para este Governo, tudo se resolve, de caras, acrescentando desempregados aos desempregados, como se se estivessem a somar parcelas abstractas numa folha de cálculo.
Esta semana, enquanto acompanhava as eleições norte-americanas, regressei ao impressionante memorial de Franklin D. Roosevelt. Ao percorrer, entre a pedra austera, as presidências de FDR, reencontrei uma frase lapidar: “nenhum país, por mais rico, pode permitir-se desperdiçar os seus recursos humanos. A desmoralização provocada pelo desemprego em massa é a nossa maior extravagância. Moralmente, é a maior ameaça à nossa ordem social”.
De caras que esta era uma frase que devia ser afixada nos gabinetes de todos os membros do Governo. Talvez depois fosse possível iniciar uma conversa. 

o meu artigo do Expresso da semana passada pode ser lido aqui