"(...) I went through my formative years (rightly) thinking that the whole
reality could be encapsulated in the dramatic tension arising from the
clash between eleven superheroes (Benfica’s players) and their
opponents. I felt no need to become a Star Wars geek or get interested
in Marvel comic-book characters. For me, football matches provided all
answers. Benfica became my idea of morality and, aesthetically, I
believed that nothing could overcome Chalana’s dribbling skills or
Nené’s swift pace. That’s the boy I was then, and still is a major part
of who I am today.
In 1982, I was also facing a dramatic quandary. There were no Benfica
players involved in the World Cup, so I didn’t know which team to
support. (...)"
A Al-Jazeera convidou 32 adeptos dos 32 países participantes a escreverem um texto sobre a sua relação com o Mundial. Calhou-me a mim escrever sobre Portugal, isto é, escrever sobre o Benfica. O texto, em inglês técnico, pode ser lido aqui.
segunda-feira, 30 de junho de 2014
quarta-feira, 18 de junho de 2014
terça-feira, 17 de junho de 2014
Uma conversa com St. Vincent
Aos
31 anos, é uma das vozes mais singulares da música contemporânea. Uma espécie
de reincarnação sob a forma de anjo de Jimi Hendrix. Ao quarto álbum,
sintomaticamente, homónimo, Annie Clark, melhor dizendo St. Vincent, tem uma
música desafiante que
desperta fantasmas, combinada com uma linguagem visual muito marcante.
Deu
um dos grandes concertos do Primavera Sound na passada semana, no Porto, e
antes de subir ao palco, estive à conversa com ela. Uma entrevista que pode ser escutada aqui.
segunda-feira, 16 de junho de 2014
quinta-feira, 12 de junho de 2014
terça-feira, 10 de junho de 2014
Enzo, o lúcido
A história do Benfica está cheia de jogadores insubstituíveis. De cada vez que se fala da saída de um jogador decisivo, logo surge o espetro do desmantelamento da equipa. Nem é preciso recuar muito no tempo, basta recordar o que se disse quando, em janeiro, Matic foi vendido – “a equipa ia ficar defensivamente desequilibrada”; “não existiam substitutos à altura”, e por aí fora. Sabemos bem o que aconteceu: a equipa (re)equilibrou-se, deixou de sofrer golos e vencemos tudo o que havia para vencer em Portugal.
Agora que é quase certo que Enzo Pérez nos vai abandonar, a questão volta a colocar-se.
Devo a este propósito fazer uma confissão: quero muito acreditar nas qualidades do departamento de scouting, na capacidade de Rui Costa para identificar craques em potência e na forma como Jorge Jesus melhora os jogadores que treina. Mas, por agora, vivo de facto uma angústia: como é que vamos manter o sistema atual, só com dois médios, sem um 8 como o Enzo?
Não sei. O sistema de jogo do Benfica exige da posição 8 mais do que de qualquer outra. Com Jesus, o 8 tem de ser forte a marcar, compensar as subidas dos extremos e ainda pautar o ritmo do jogo. Com lucidez tática, foi o que Enzo fez invariavelmente. Agressividade a ocupar espaços e uma capacidade ímpar de decidir sempre bem – umas vezes temporizando para sofrer falta, outras saindo a jogar e ainda outras com passes em profundidade. Quando for preciso ver vídeos de como se joga a 8, bastará ver um “best of” de Enzo. Mas há também o lado emocional. Num mês de maio que não esqueceremos, Enzo sofreu como nós e no seu rosto vi estampada uma angústia absoluta. Sei bem que, depois, foi dos primeiros a levantar a cabeça e que, em cada bola disputada, colocou toda a raiva acumulada na temporada passada.
Estou certo que tudo vai correr pelo melhor e que um destes jogadores que nem do YouTube consta vai revelar-se um craque estratosférico. Até lá, sofro com o vazio anunciado da camisola 35 e agradeço-te, Enzo, por teres sido um benfiquista como nós.
publicado no Record de ontem
quarta-feira, 4 de junho de 2014
Os matraquilhos
Passa
o tempo e há hábitos que persistem. Escrevinhar equipas do Glorioso em pedaços
de papel: o onze da semana; o onze ideal; a equipa de sonho. Qualquer pretexto
serve. Levo anos disto. Cadernos da escola repletos, mensagens trocadas com
amigos. Jogadores alinhados, com setas a indicar as movimentações – o médio
direito fecha por dentro, os avançados defendem horizontalmente, o extremo
esquerdo procura zonas exteriores. A vida pode bem ser a continuação do futebol
por outros meios.
Se assim é, o que nos resta fazer quando não estamos a ver futebol? Escrevinhar equipas de sonho e ... jogar matraquilhos. Aproximações possíveis ao prolongamento do jogo, mas também superações nostálgicas e materiais da ausência de futebol jogado.
Num notável filme de animação (Os matraquilhos), o realizador argentino Juan José Campanella, vencedor do Óscar para melhor filme estrangeiro com “O segredos dos seus olhos”, adepto do Racing Club, concedeu finalmente vida aos rapazes de ferro, libertando-os das amarras do campo fechado.
A metáfora é exata e percorre o caminho iniciado por um adolescente galego, Alejandro ‘Finisterre’, em plena Guerra Civil espanhola. Ferido e hospitalizado, imaginou uma forma de tornar possível continuar a jogar futebol, mesmo não podendo. Assim nasceram os matraquilhos como os conhecemos: jogadores de ferro (e não o sucedâneo de plástico rígido que impera em muitos países), campos que com o tempo ganham lastro pegajoso e bolas cheias de lanhos, conquistados à custa de ruidosos ressaltos.
A palavra a Amadeu, protagonista do filme, um miúdo com um talento sem paralelo para jogar matrecos. Num momento em que todos os falhanços da sua vida parecem convergir e rodeado de jogadores de matrecos que entretanto ganharam vida, confessa resignado – “desperdicei a vida a jogar matraquilhos”. Num daqueles volte-face só ao alcance dos filmes de animação, é-nos devolvida uma lição de vida: “vamos buscar os rapazes de ferro. Tudo o resto vai-e-vem”. Tal e qual. Afinal, “o futebol é lindo. Sabes como é: tudo pode acontecer”.
publicado ontem no Record
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