Na semana passada escrevi que ao Benfica, para vencer o campeonato,
restava vencer as três partidas em falta. A afirmação provou ser
verdadeira e, hoje, sobram duas finais por disputar. Não vale a pena
contar com ajudas de terceiros. O Sporting não vai perder pontos e, caso
não vença Marítimo e Nacional, fica claro que o Benfica não merecia ser
campeão. Afinal, em competições longas, não há vencedores morais, pelo
que quem terminar em primeiro lugar será o justo campeão nacional.E
quais são, neste momento, os problemas do Benfica?
Tem sido
sugerido que a equipa enfrenta algum cansaço físico, fruto de uma
temporada longa e disputada em muitas frentes. Determinados jogadores
caíram muito nos últimos jogos, já não revelam o vigor físico de há um
mês e, ao contrário do Sporting, não entrou uma mão cheia de jogadores
no mercado de inverno para a equipa titular.
Discordo. O
problema do Benfica é de outra natureza. Com o aproximar do fim da
época, a possibilidade de vitória tornou-se uma espécie de abismo
psicológico. Nos últimos jogos a equipa sofreu não por dificuldade
física, mas por ainda não se ter convencido que vai ser campeã. Faz
sentido. O Benfica planeou mal a temporada, deu um avanço inacreditável
aos adversários, renasceu e talvez hesite em acreditar que, agora,
depende apenas de si próprio para levantar a taça. Convenhamos que este
muro psicológico é bem mais fácil de derrubar do que seria um eventual
cansaço físico. Aliás, é para isso que servem os adeptos: para dar um
suplemento de confiança e empurrar a equipa para a vitória. Na Madeira
no domingo e no fim-de-semana seguinte na Luz.
publicado no Record de terça-feira