Se não leram ainda o texto de Dani Alves no ‘The Players' Tribune’, não
deixem de o fazer – não encontrarão outra explicação tão conseguida para
a popularidade do futebol e para o sucesso individual. Num relato
sentido, o ex-Barça expressa a sua mágoa sobre a saída dos catalães e
revela de onde vem a força que lhe permite, ainda hoje, aos 34 anos, ser
dos melhores do mundo. Uma rotina repetida antes de cada jogo: olhar
para o espelho e rememorar a sua vida, o lugar de onde veio e aquilo por
que passou.
Num texto intenso e que abala o coração dos mais
frios, o lateral-direito não esquece a infância de agruras e a vida que
lhe foi dando pontapés no destino, até um dia aterrar no Camp Nou. Dani
Alves não esquece e afirma, "mano, eu vim da pqp". Um lugar de merda,
feito de camas de cimento, de trabalho infantil, de futuros armadilhados
e condenados à miséria absoluta. Mas um lugar, também, de uma promessa
inicial, que explica tudo: "Você não vai voltar para a fazenda até você
deixar seu pai orgulhoso. Você pode ser o número 51 em habilidade. Mas
você será o número 1 ou 2 em força de vontade. Você será um lutador".
O
futebol é o mais popular dos desportos porque é o mais democrático.
Todos podem falar com propriedade de futebol e todos, altos ou baixos,
franzinos ou corpulentos, podem jogá-lo. O futebol é de todos, mas,
quando o talento existe, o que faz a diferença é a força de vontade. Os
maiores são invariavelmente os lutadores, os jogadores que vieram de
baixo, da pqp, e que superaram tudo. E nem por um momento se esqueceram.
publicado no Record de 5 de Junho