sexta-feira, 29 de março de 2013
quinta-feira, 28 de março de 2013
quarta-feira, 27 de março de 2013
Caixa de Poupanças, "o meu colchão"
A solução para a crise na zona euro pode bem estar aqui. Um colchão com cofre incorporado. Para já, é a brincar, mas pode bem tornar-se realidade.
O que é que vai acontecer?
"(...) há previsões que falham e outras que são bastante certeiras. Por que é que isto acontece?
Nate Silver, em “the
signal and the noise”, procura responder à questão com uma autoridade
reconhecida. Silver surpreendeu o mundo quando há 4 anos acertou nos resultados
de 49 dos 50 Estados norte-americanos nas presidenciais e, em Novembro, voltou
a repetir a façanha, acertando, novamente, com um grau de precisão superior ao
de todas as sondagens. Contudo, como o próprio reconhece, “adoramos prever
coisas, mas não somos muito bons a fazê-lo”.
Para quem construiu uma
reputação a acertar previsões, não deixa de ser sintomático que tenha escrito
um livro a alertar para a nossa capacidade limitada para antecipar. No fundo, o
que Silver sugere é que precisamos de aprender a incorporar a incerteza na
forma como prevemos e que o segredo das previsões menos falíveis está no modo como
se vão ajustando permanentemente a novas informações.
Para Nate Silver, as
previsões falham porque há demasiado ruído (i.e., excesso de informação) que
oculta os sinais (i.e., a verdade), ao mesmo tempo que temos uma inclinação
para procurar os dados que confirmam os nossos preconceitos. Para lidar com o
ruído, Silver sugere uma estratégia baseada na aproximação à verdade.
Devemos começar por
estabelecer a probabilidade de alguma coisa acontecer e depois ir alterando os
resultados consoante vamos tendo mais informação. Não se trata de uma abordagem
puramente empírica, bem pelo contrário, mas, sim, da necessidade de contrariar
a tendência para forçar a realidade a conformar-se com os nossos preconceitos
ideológicos. Daqui decorre uma recomendação clara: quanto mais disponíveis
estivermos para testar as nossas ideias, maior a nossa capacidade para lidar
com o ruído, aprender com os erros e saber ler os sinais sobre o que vai
acontecer."
terça-feira, 26 de março de 2013
Os anos oitenta foram difíceis para todos
O que viriam a ser os Radiohead, algures em Oxford, circa 1980 (com posters dos Marillion e Iron Maiden)
segunda-feira, 25 de março de 2013
A maioria silenciosa
"Numa
cena de “Homens Simples” de Hal Hartley, Martin Donovan estaciona a carrinha e,
num ambiente bucólico, grita exasperado: “não aguento o silêncio”. Depois, irrompem
as guitarras distorcidas de Kool Thing dos Sonic Youth e logo vemos os
protagonistas a ensaiarem uma coreografia em conjunto que, enquanto devolve a
memória de “Band à Part”, contrasta com a quietude que causava desconforto ao
protagonista do filme. Na ausência de outra possibilidade, o baixo materialismo
dos acordes em distorção surgia como resposta a um silêncio e a um vazio
insuportáveis.
Tem
sido notado que o elemento mais surpreendente da manifestação do passado sábado
foi o seu lado quase lúgubre. Durante longos momentos, enquanto desciam a
Avenida da Liberdade em Lisboa, milhares de pessoas caminhavam num passo
pesaroso, sem o acompanhamento das palavras de ordem que tendem a surgir nestes
momentos. O silêncio cinzento parecia ser o espelho exato do sentimento
político da manifestação. É dito com frequência que a política tem horror ao
vazio. Pode bem ser verdade, mas há momentos em que de facto o vazio político
impera.
Há,
hoje, uma coligação ampla de rejeição à estratégia política que a Europa tem
desenhado para enfrentar a crise e que o Governo português cumpre com desvelado
empenho. Contudo, não se vislumbra uma alternativa política que represente
maioritariamente o descontentamento e que tenha capacidade de inverter este
rumo. De certa forma, o silêncio dos manifestantes é a expressão política do vazio.
Se houvesse um horizonte de esperança, corporizado por uma alternativa
política, dificilmente teríamos tido manifestações tão desalentadas. (...)"
o resto do meu artigo do Expresso de 9 de Março pode ser lido aqui.
terça-feira, 19 de março de 2013
segunda-feira, 11 de março de 2013
quinta-feira, 7 de março de 2013
O novo mundo do protesto
"(...) há um conjunto de ilusões associadas a estas novas formas de participação.
A
primeira das quais é a ilusão criada pelas redes sociais. O facebook, os
blogues e o twitter potenciam formas de expressão política ambicionadas há
séculos – não intermediadas, diretas e individualizadas. Mas se estas formas de
participação podem ser muito expressivas, não são, no entanto, capazes de
funcionar como válvulas de escape para o descontentamento. Pelo contrário, as
redes sociais acabam por funcionar como repositórios de tensões e
ressentimentos, em lugar de promoverem a sua superação.
Mas,
talvez, a maior das ilusões se prenda com o efeito das novas manifestações.
Seja nas redes sociais ou, hoje, nas ruas do país, a força dos protestos não se
traduz em mudança política efetiva. Não apenas porque há contradições
politicamente insuperáveis entre quem se manifesta, mas, no essencial, porque
não há (ainda) quem interprete os protestos e quem os traduza num programa
político alternativo.
Não
nego a importância do protesto baseado na recusa do que existe, mas, sem alguém
que o represente organicamente, a sua eficácia é reduzida. Ora o problema é
precisamente esse: as formas tradicionais de representação de interesses já não
são vistas como representativas, mas ainda não foram encontradas novas formas
capazes de organizar a mudança. O que só consolida a natureza radicalmente nova
da crise que enfrentamos."
o resto do meu artigo do Expresso de 2 de Março está aqui.
Destruir para criar
"“É
impossível aumentar impostos, desastroso continuar a pedir emprestado, e cortar
despesa é simplesmente desadequado”. As palavras podiam ter sido escritas hoje
e revelam com precisão os dilemas que Portugal enfrenta. Contudo, fazem parte
de um memorando redigido em 1786 por Charles-Alexandre de Calonne, ministro das
Finanças de França, dirigido a Luís XVI. Na sequência deste texto, o monarca
aceitou convocar uma assembleia de notáveis para discutir um plano de reformas.
A assembleia falhou e, por sugestão do Marquês de Lafayette, foram convocados
uns estados gerais (os últimos tinham sido em 1614). Como sabemos, bastaram
três anos para a degradação financeira, económica e social se traduzir no
colapso político do antigo regime.
Se conto
este episódio é porque ele é um bom retrato da situação de Portugal hoje – não
podemos aumentar impostos, é desastroso continuar a pedir emprestado, os
limites para os cortes na despesa já foram ultrapassados e não há apelos aos
consensos que nos salvem. Com uma agravante: os dois caminhos dominantes que
nos têm sido oferecidos para lidar com o beco sem saída em que nos encontramos
têm um lado mimético.(...)"
o resto do meu artigo do Expresso de 23 de Fevereiro está aqui.
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