A
primeira das quais é a ilusão criada pelas redes sociais. O facebook, os
blogues e o twitter potenciam formas de expressão política ambicionadas há
séculos – não intermediadas, diretas e individualizadas. Mas se estas formas de
participação podem ser muito expressivas, não são, no entanto, capazes de
funcionar como válvulas de escape para o descontentamento. Pelo contrário, as
redes sociais acabam por funcionar como repositórios de tensões e
ressentimentos, em lugar de promoverem a sua superação.
Mas,
talvez, a maior das ilusões se prenda com o efeito das novas manifestações.
Seja nas redes sociais ou, hoje, nas ruas do país, a força dos protestos não se
traduz em mudança política efetiva. Não apenas porque há contradições
politicamente insuperáveis entre quem se manifesta, mas, no essencial, porque
não há (ainda) quem interprete os protestos e quem os traduza num programa
político alternativo.
Não
nego a importância do protesto baseado na recusa do que existe, mas, sem alguém
que o represente organicamente, a sua eficácia é reduzida. Ora o problema é
precisamente esse: as formas tradicionais de representação de interesses já não
são vistas como representativas, mas ainda não foram encontradas novas formas
capazes de organizar a mudança. O que só consolida a natureza radicalmente nova
da crise que enfrentamos."
o resto do meu artigo do Expresso de 2 de Março está aqui.