quarta-feira, 6 de agosto de 2014
Estou chocado
A semana passada escrevi aqui que estava assustado com o que a pré-temporada do Benfica anunciava. Apontei três motivos: a incerteza quanto ao que seria o plantel e a ausência de soluções para lugares-chave; a falta de qualidade dos reforços em relação aos jogadores que haviam saído; e ainda um défice de maturidade na equipa. Uma semana depois, nenhum destes problemas foi resolvido (aliás, agudizaram-se) e surgiram novos.
Se a semana passada estava assustado, esta semana declaro-me chocado. Não consigo perceber como é que, a apenas seis dias do início da temporada, o Benfica tem tantos problemas por resolver, sem que se vislumbre uma explicação para a paralisia que se vive na Luz.
O que me surpreende não são as vendas. O que me deixa estupefacto é não terem sido encontradas alternativas em tempo útil. Reparem: desde maio que se sabe que Fejsa não é solução até 2015 e não se cuidou de encontrar um substituto para a posição 6; há um mês que não temos guarda-redes e, desde que Rodrigo foi vendido, em Janeiro, que devíamos ter uma alternativa. Esta ausência de planeamento afigura-se incompreensível.
Entre os reforços, há alguns com qualidade. Mas, convenhamos, uma coisa é integrar Derley, Talisca, Bebé ou Benito numa equipa estável e equilibrada, outra, bem diferente, é lançá-los no meio do caos que é o jogo do Benfica agora. Isto é tanto mais difícil quanto Jesus pede às suas equipas uma organização defensiva que não se aprende no espaço de dias.
No fim, o mais insólito de tudo isto: a crer no que se tem passado, o porta-voz do Benfica é Jorge Jesus. Nas últimas semanas tem sido o único a dar a cara. É altura de os dirigentes explicarem o que se está a passar. Se temos de fazer uma reestruturação financeira, que nos seja dito. Se perdemos ao mesmo tempo três parceiros estratégicos (o BES, Jorge Mendes e o Real Madrid – será que é a venda de Garay que explica a ida de Casemiro para o Porto?), é bom que nos seja explicado. O que não é aceitável é nada sabermos e andar-se a fingir que a senda vitoriosa da temporada transata é para continuar.
publicado ontem no Record.