"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Jogar ou fazer jogar?


É tentador olhar para os quatro golos marcados por Jonas em, apenas, 135 minutos de jogo pelo Benfica e logo ver nisso o sinal de que estamos perante um goleador. É, contudo, errado. Bastou partida e meia de Jonas para se perceber que o que brasileiro vai oferecer ao Benfica não são tanto os golos, mas muita qualidade na participação no jogo ofensivo.

Como é sabido, um jogador com classe e experiência não precisa nem de muito espaço, nem de muito tempo para mostrar o seu valor. Cria espaço com facilidade e, por norma, basta dar dois ou três toques na bola para se aferir da sua qualidade. Jonas é disso exemplo – o que só torna mais surpreendente o facto de ter chegado ao Benfica, depois do fecho de mercado, como jogador livre.

Pode parecer prematuro, mas são muitos os indícios de que Jonas pode dar ao sistema tático do Benfica uma ligação entre meio-campo ofensivo e ataque que tem faltado desde a primeira temporada de Jesus como treinador. No fundo, Jonas pode bem ser o substituto do Saviola do primeiro ano: um jogador com uma compreensão notável do jogo e capaz de criar superioridade quer no meio-campo, quer no ataque, equilibrando a equipa e ligando sectores. Em certa medida, Rodrigo desempenhou esse papel, mas apenas no ano passado. Sintomaticamente, com o sistema de Jesus, só fomos campeões com um Saviola de topo e com um Rodrigo taticamente mais competente.


Ainda na entrevista ao Record, e a propósito de um grande Nani, Jorge Jesus sublinhava que “um bom jogador é aquele que joga bem, e o grande é aquele que joga bem e coloca os outros a jogar bem”. Ora um bom avançado tem de ter o pé quente e marcar golos, mas um grande avançado põe todo o ataque de uma equipa a jogar bem, mesmo que marque poucos golos. Tudo indica que Jonas é um grande avançado. 












publicado no Record de ontem.