Tem sido dito que a conquista do 34.º título do
Benfica será muito importante pois desde 1982-84, sob o comando de
Eriksson, que o Benfica não ganha um bicampeonato. A vencer este ano, o
clube inverte a tendência de hegemonia do Porto, que se fez sentir, em
particular, desde a década de noventa.
Na
verdade, há um outro aspeto tão ou mais importante do que ganhar dois
títulos seguidos. Nos últimos campeonatos que o Benfica venceu, o
adversário direto nunca foi o Porto. De facto, quando os campeonatos
foram disputados até ao fim entre Benfica e Porto, os dragões acabaram
por se sagrar campeões. Tendo em conta o legado psicológico de 2012-13 e
2013-14, a vitória deste ano pode anunciar uma mudança importante.
Senão
vejamos: o último campeonato que o Benfica venceu, depois de uma
competição ombro a ombro com o Porto, foi em 1990-91, já lá vão 24 anos.
Na época passada, o 2.º classificado foi o Sporting e em 2009-10, o
Braga. É um facto que quer em 1993-94, quer em 2004-05, o Benfica foi
campeão com o Porto a sagrar-se vice-campeão. No entanto, ambos os
campeonatos foram disputados entre Benfica e Sporting, com o clube de
Alvalade a capitular na reta final (num caso, com a derrota por 6-3;
noutro com o golo de Luisão quase ao cair do pano na luz).
Este
ano, o Benfica não só parece ter o título à mão de semear, como
resistiu na liderança desde a 5.ª jornada, com o Porto à ilharga, nunca
claudicando. É também por isso que estamos perante uma conquista que, a
concretizar-se, é tão importante. Tanto mais que o Porto investiu muito,
com empréstimos a preços impraticáveis (Casemiro), contratações de
valores proibitivos para o campeonato português (Adrián López) e uma
aposta de médio-prazo num treinador desconhecido. Convém recordar que
este era o ano em que o Porto não podia falhar e em que o Benfica
iniciou a época quase derrotado.
publicado no Record de ontem.