Recuemos
ao início da temporada. O Benfica era uma equipa em desagregação: o plantel que
havia vencido o triplete com nota artística parecia ferido de morte e as
alternativas tardavam a aparecer. Já não havia Oblak, Rodrigo, Garay e Siqueira
e ainda não havia nem Júlio César, nem Samaris, para não falar de Jonas. Enquanto
se anunciava a saída iminente de Enzo Pérez, os jogos de preparação, disputados
por uma mão-cheia de novas contratações entre o sofrível e o medíocre, tornavam
o bicampeonato uma miragem distante.
No
Dragão, a história era outra. Depois de uma temporada para esquecer,
apostava-se forte e não vencer era uma impossibilidade. Um treinador novo, com
um voto de confiança inusitado por aquelas bandas (3 anos de vínculo), contratações
em catadupa, empréstimos a peso de ouro e qualidade em todos os sectores – a
contrastar com o leque de jogadores que Paulo Fonseca tinha tido ao dispor.
O Benfica
iniciou a temporada derrotado e o Porto tinha tudo para vencer o campeonato. Mas
não foi assim.
Jesus
compensou fraquezas com a força da organização colectiva e fez do “Manel” um
jogador ao serviço de uma ideia de jogo consolidada. Depois, claro está, Júlio
César ofereceu a segurança defensiva que a equipa não havia tido nos últimos
anos e Jonas foi um autêntico joker –
importante pelos golos que marcou, fundamental pela forma como participou no
jogo atacante.
O
Porto, pelo contrário, viu a temporada pautada pela desorientação. A abrir,
Lopetegui entregou-se ao experimentalismo, mudando a equipa jogo sim, jogo sim,
até à 16ª jornada. As coisas começam a correr mal e não surge o campo inclinado
a que os portistas se habituaram. Resultado, a “estrutura” não compreende as
razões do falhanço e coloca o treinador a dar o corpo às balas.
Tudo
somado, a grande novidade desta temporada foi a desorientação revelada pelo
Porto.
publicado no Record de terça-feira