Todos se recordam quando Jorge Jesus, face à situação de necessidade 
após a saída de Matic, disse que jogaria o Manel. A afirmação fazia todo
 o sentido. Uma equipa vencedora depende do talento individual e da 
existência de um onze base, mas também da capacidade de, na adversidade,
 a organização coletiva ser capaz de superar as ausências.
Jorge Jesus tinha razão: numa equipa com dinâmica vencedora e com processos enraizados, pode jogar o Manel.
No Bessa, o Benfica enfrentava um teste muito exigente. Com um onze 
titular com demasiadas baixas, a equipa jogou com vários 'Manéis'. 
Jogadores que hoje são titulares e dão boa conta do recado eram, no 
início da temporada, terceiras e quartas escolhas. Aliás, se, em agosto,
 alguém dissesse que o Benfica estaria a liderar o campeonato por esta 
altura, com Ederson, Renato Sanches, Lindelöf, André Almeida e Nélson 
Semedo como titulares e Samaris adaptado a central, ninguém acreditaria.
A vitória sofrida contra o Boavista tem, por isso, vários 
significados. Por um lado, serve para demonstrar a estrelinha de campeão
 - sempre necessária nas fases avançadas das temporadas, mas que reflete
 também determinação e vontade de vencer; por outro, prova que o 
Benfica, hoje, não depende apenas da qualidade individual de um par de 
jogadores. Sem Gaitán, é verdade que, uma vez mais, foi Jonas a decidir,
 mas o que o jogo do Bessa revela é que estamos perante um coletivo 
personalizado, que vale como um todo. Ora é desta massa que se fazem os 
campeões.
publicado no Record de terça-feira
