Por motivos meteorológicos, esta crónica não é sobre o Benfica-União.
 A razão é simples: à hora para a qual o jogo foi remarcado, o autor 
destas linhas estava a dar aulas. Mas não podendo escrever sobre o 
Benfica, ganhei um bom pretexto para me dedicar ao calendário da Liga e à
 incapacidade de se proceder à marcação dos jogos com um mínimo de 
antecedência.
Nesta altura, sabemos a que horas são os jogos da próxima jornada, 
mas nada é conhecido sobre a seguinte (disputada a 13 de março). É mais 
um daqueles absurdos em que o futebol português é vezeiro e um 
desrespeito pelos (poucos) adeptos que escolhem ir ao estádio, em lugar 
de verem futebol televisionado.
Pense-se num adepto dos três grandes, que gostava mesmo de poder 
assistir a todos os jogos do seu clube. Se tem esse objetivo, resta-lhe 
trancar todos os fins de semana e rezar para que ninguém se lembre de 
marcar aquele almoço de família a que não pode mesmo faltar. É que nunca
 se sabe se o jogo vai ser à sexta, sábado, domingo ou até 
segunda-feira. Muito menos a hora certa. É uma lotaria.
Não há nada de específico no futebol português que impeça alguma 
planificação, que permita aos adeptos organizarem-se para irem aos 
estádios. Compare-se com o bem mais complexo calendário da NBA (mais 
equipas, distâncias maiores, mais intempéries e mais canais a 
transmitirem partidas). Neste caso, é possível saber dia e hora exata de
 todas as partidas até ao fim da fase regular.
Talvez fizesse sentido criar um provedor do adepto para defender quem
 gosta de futebol. Esperem, o cargo já existe e, como seria de esperar, 
ninguém dá pela sua existência.
publicado no Record de terça-feira 
