A vitória contra o Rio Ave – em teoria o adversário mais difícil
nestas últimas jornadas – não alterou tanto como se pode pensar a
difícil caminhada do Benfica rumo ao título. Engana-se, por isso, quem
pensava que este era o jogo decisivo. A deslocação a Vila do Conde era
determinante apenas na medida em que em lugar de faltarem quatro
vitórias, o Benfica passou a estar a três vitórias do 35.
Percebe-se a euforia dos adeptos e as celebrações dos jogadores, mas
convém ter presente as tristes lições do passado. Há três anos, após uma
vitória difícil na Madeira, frente ao Marítimo, o campeonato parecia
reservado e tudo foi perdido num jogo em teoria fácil com o Estoril na
Luz. Este ano o campeonato será disputado até à última jornada e não
vale a pena alimentar ilusões. O Benfica dependerá apenas das suas
vitórias para ser campeão, da mesma forma que o Sporting vencerá todos
os confrontos que tem por disputar. Quando se aproximam as partidas
decisivas, faz toda a diferença estar ainda em jogo alguma coisa
importante. O Sporting tem tudo a perder no Dragão e o Porto nada a
ganhar (a não ser uma vaga noção de honra). No sábado, Sporting e Porto
estarão a disputar campeonatos diferentes. Essa pressão adicional
favorece o Sporting. Pelo que o Benfica não deve ficar à espera de
ajudas de terceiros.
A partir de agora, tão difícil como a preparação física e tática para
os jogos que se seguem, é evitar alguma descompressão e contrariar a
ideia de que o campeonato está garantido. O Benfica depende de si: para
já, tem de ganhar ao Guimarães e não deve contar com um auxílio
improvável do Porto.
publicado no Record