"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

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quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Dois Ferraris

Há dois Ferraris a rodar na 2ª Circular. Com algumas características distintas, mas igual potencial para ganhar a corrida ao título nacional. Depois de ter herdado uma equipa debaixo de uma tempestade emocional, consequência de uma preparação da temporada atribulada, Rui Vitória tem, desta feita, um plantel fortíssimo, com várias opções para cada posição – e capaz de resistir a uma época longa, em várias competições.
Se, no passado, a mestria de Vitória esteve na forma como soube gerir emocionalmente o balneário e inventar soluções que poucos vislumbravam (a aposta nos jogadores da B); esta temporada, o treinador do Benfica tem de demonstrar desenvoltura tática para dar espaço ao talento que abunda no plantel. Agora sim, ao volante de um Ferrari, Rui Vitória tem de continuar a vencer e gerir os egos de um plantel com qualidade e opções, mas em que nem todos vão poder jogar.
Jorge Jesus está igualmente sentado ao volante de um Ferrari. Com uma diferença: foi desenhado e concebido pelo próprio. Do plantel que recebeu, já só resta meia dúzia de jogadores. Todos os outros foram escolhidos por si, à sua imagem, e o poder de Jesus no Sporting é muito superior ao de Vitória no Benfica. A entrevista a Record foi sintomática: há um antes e um depois de Jesus em Alvalade e fica-se com a sensação de que, um dia, quando abandonar Alvalade, seguir-se-á o dilúvio.
Com tanta qualidade nos plantéis, este ano, ganhar a corrida dependerá muito da destreza dos condutores. Ah, por fora, corre um Porto que até pode beneficiar de partir com menos cilindrada e com as expectativas em baixo.
publicado no Record de terça-feira