Há duas formas de olhar para o Benfica de hoje. Concentrarmo-nos no que se tornou estrutural – um clube que se habitou a ganhar – ou fixarmo-nos no que é conjuntural – uma equipa que pratica um futebol sofrível.
Os números são impressionantes e falam por si. Para o campeonato, 15 vitórias consecutivas fora; 227 dias sem derrotas, apenas um empate – contra o V. Setúbal – nas últimas 18 partidas e 27 jogos consecutivos sempre a marcar. Não há sorte que explique um registo destes e se pensarmos que, entre vendas e lesões, o Benfica perdeu quatro dos jogadores mais decisivos da temporada passada (Renato, Gaitán, Jonas e Jardel) e que tem apostado num onze titular com uma média de idades própria de uma equipa B, a formação de Rui Vitória ameaça ficar na história.
Contudo, hoje, também é caso para dizer que o Benfica vence, mas não convence. Lidera o campeonato e, com maior ou menor dificuldade, vai superando obstáculo atrás de obstáculo. A vitória em Chaves foi paradigmática. Tudo somado, o resultado foi justo, mas custa a perceber a razão para tanto sofrimento. Mais, não se entende o motivo para, de novo, se ter oferecido uma hora de jogo, com Salvio em campo, Pizzi na esquerda e Horta muito recuado.
O que nos recorda que Rui Vitória – que tem na mestria como gere a sempre complexa relação a três entre adeptos, balneário e direção uma das suas muitas qualidades – podia fazer a vontade aos adeptos e, enquanto não regressa Rafa, colocar Pizzi de novo à direita e dar mais oportunidades a Cervi e minutos a Carrillo e Zivkovic.
publicado no Record de terça-feira