"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

padaoesilva@gmail.com

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

A culpa é do Benfica

A culpa tem as costas largas e, como é sabido, as costas do Benfica são tão largas que, agora, não há responsabilidade pelo fracasso do Porto e do Sporting que não seja imputada ao Benfica. Percebe-se: quando se perde, nada como encontrar um responsável imediato pelos insucessos. Afinal, esta é a melhor forma de ocultar insuficiências próprias – do planeamento da época às contratações, passando pela forma como se prepara os jogos.

A sugestão de que o Benfica é, alegadamente, uma entidade toda poderosa que tudo determina, serve um propósito: os dirigentes iludem os adeptos, fazendo com que estes esqueçam as causas profundas para as derrotas.

Mas este jogo de culpas, enquanto produz um efeito de ocultação, tem consequências desportivas imediatas. Desresponsabiliza os jogadores e empurra-os para novos fracassos.

De cada vez que é dito que um clube perde por causa dos árbitros ou, ainda mais absurdo, por influência de outro clube que nem sequer está em campo, os jogadores sentem-se ilibados e transferem a responsabilidade pelos falhanços para outros fatores que não o jogo jogado. Mais, sempre que tal acontece, a equipa aproxima-se de uma espiral de insucesso, entrando em campo derrotada – pois, faça o que fizer, os resultados estão pré-determinados. A instabilidade emocional que Sporting e Porto têm mostrado nos últimos jogos é prova disso.

Como benfiquista, faço votos para que insistam nas justificações que têm utilizado. E confesso, também penso que a culpa é do Benfica. Aliás, é um sentimento com o qual vivo diariamente. Desde o dia em que nasci.

publicado no Record de 10 de Janeiro