O que aconteceu no Bonfim não foi propriamente uma surpresa. O resultado vinha sendo anunciado nas últimas semanas. Depois de Guimarães, a equipa foi perdendo frescura física e anímica e, pelo caminho, foi diminuindo o discernimento. Sem Grimaldo, com Nélson menos disponível e agora sem Guedes, o Benfica fica com menos profundidade e sem aceleração. Ao mesmo tempo, no meio – onde está sempre a raiz de todos os problemas e de todas as soluções – a equipa passou a ter menos critério e o jogo foi ficando crescentemente atabalhoado, ao ponto de, ontem, praticamente não terem sido criadas oportunidades flagrantes.
Uma vez mais, ficou demonstrado que a sorte e o azar, no futebol, contam menos do que se pensa. Podemos bem, com justiça, queixarmo-nos de um penálti incrível que ficou por marcar ou lamentarmo-nos da fortuna do Setúbal que, com uma única oportunidade, venceu o jogo. A questão, contudo, é outra. Num momento de menor frescura, o Benfica precisa de ter um processo coletivo mais sólido quando se vê em desvantagem, em lugar de apostar, como tem acontecido, na muita qualidade individual dos seus jogadores e nesta opção estranha de ir acrescentando avançados e extremos à medida que os minutos vão passando.
Agora, há que olhar para a frente, mas convém atentar retrospectivamente no que tem corrido mal.
publicado no Record de 30 de Janeiro