"De onde é que surgiu esta ideia?", questionava o repórter da BTV em direto do balneário, enquanto uma improvável Vespa surgia conduzida pelo Eliseu. Na resposta, o André Almeida dizia, "foi no momento, a nossa equipa é boa no improviso". Não só não pode ter sido ideia do momento como nada dá tanto trabalho a preparar como um bom improviso. E talvez esteja aí o segredo da conquista de mais este campeonato.
O Benfica de hoje não é dado ao improviso. É uma organização com estabilidade na gestão, que combina adaptação às mudanças do futebol com preservação da identidade fundadora do clube. Nisso, é uma Vespa: vetusta mas capaz de resistir à passagem do tempo; objeto de culto mas competitiva num mercado aberto, em velocidade de cruzeiro mas recompensadora no fim e, acima de tudo, geradora de paixões. Não há ninguém que não reconheça uma Vespa e não há ninguém que não gostasse de um dia ter uma.
Como uma Vespa, o Benfica preserva a sua inclinação popular e combina-a com sonhos realistas de grandeza. É esta a nossa identidade e a nossa aspiração.
O papel simbólico da Vespa do tetra não termina aqui. Como se pode provar pelas celebrações, mas foi visível toda a temporada, o Benfica é, de facto, uma equipa – unida nos momentos de dificuldade, capaz de mostrar maturidade competitiva onde outros claudicam. Uma equipa para a qual todos contribuem: os titulares e os que jogam menos tempo. Foi por isso um belo sinal, no dia da celebração, ter o Eliseu a conduzir a Vespa do tetra num balneário com uma alegria incontida.
publicado no Record de 16 de Maio