"I hope the fences we mended
Fall down beneath their own weight"

John Darnielle

padaoesilva@gmail.com

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Forças e Fragilidades


A exibição na Amoreira deixou-nos um retrato preciso das forças e das fragilidades do Benfica de hoje.

Contra o Estoril surgiu, uma vez mais, uma equipa com grande facilidade em criar desequilíbrios ofensivos, com jogadas de envolvimento que não só fazem com que o jogo atacante pareça simples, como tornam possível o surgimento de muitos homens na frente e em posição de finalização. Essa continua a ser a marca de água do Benfica de Jesus: organização coletiva ao serviço de talentos individuais (Enzo e Gaitán jogam noutro campeonato) e uma compreensão notável do jogo de futebol. Basta ver uns quantos minutos do jogo atacante do Benfica para logo se perceber o trabalho de organização e que há uma ideia de jogo que é, de facto, posta em prática.

Se as forças do Benfica são inquestionáveis, não convém desvalorizar as fragilidades que a equipa continua a revelar. Há uma que nos acompanha desde que Jesus é o treinador e que parece ser o contraponto do carrossel atacante – mudam os jogadores e a dificuldade em controlar resultados mantém-se. O Benfica ou opta pela vertigem ofensiva ou então cria problemas a si próprio.

Há, contudo, uma novidade deste ano e que meia dúzia de jogos a sério tornou evidente. Ao contrário do passado, o Benfica apresenta défices de cobertura defensiva, em particular do lado esquerdo, onde Jardel tem problemas de posicionamento e a dobrar Eliseu e onde as saídas a jogar se transformam, demasiadas vezes, em transições ofensivas do adversário. Com o somar de jogos fica provado que, entre muitas partidas, o Benfica só perdeu de facto um jogador-chave que ainda não encontrou substituto, Garay (não teremos direito a ver Lisandro jogar?).

No fim, sobra uma certeza: é mesmo caso para dizer que crises destas são bem-vindas.

publicado no Record.